Vendas do BNDES precisarão de aval do Conselho
1 de novembro de 2019 às 0h04
Rio de Janeiro – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende enxugar a sua carteira de participações em empresas nos próximos três anos e as operações acima de R$ 1 bilhão terão de passar pelo crivo do conselho, disse à Reuters o presidente do colegiado, Carlos Thadeu de Freitas.
A carteira da BNDESpar, braço de participações do banco de fomento, totaliza mais de R$ 100 bilhões. Participações mais maduras e que não façam mais sentido serão vendidas.
Investimentos do BNDES com valores individuais acima de R$ 1 bilhão incluem participações em empresas como Petrobras, Banco do Brasil, Vale e Suzano. “A decisão de venda de uma posição era da diretoria e o conselho era apenas comunicado. Isso agora vai mudar”, disse Freitas à Reuters.
Alteração – A mudança surge após uma disputa interna entre o ex-diretor de mercado de capitais André Laloni e técnicos do BNDES sobre a forma de venda de ações do BB detidas pela União.
A disputa provocou a queda de uma executiva da área jurídica do BNDES que não concordava com a condução do processo sugerida por Laloni. Houve críticas de funcionários que culminaram também na saída de Laloni do banco.
“Essa proposta de aperfeiçoamento da governança veio de superintendentes e a diretoria e o conselho aceitaram”, explicou Freitas.
Segundo o executivo, a próxima etapa é a criação de regras e critérios de como serão feitas essas operações.
As vendas poderão ser feitas via mesa de operações ou por oferta pública global. Para oferta pública ainda haverá regras para escolher a forma e os bancos que vão atuar na operação.
O movimento acontece também em paralelo ao encolhimento das atividades de empréstimos do banco. De janeiro a setembro, o BNDES emprestou R$ 38 bilhões, queda de 14% ante igual etapa de 2018. As estimativas para o ano são de um volume de R$ 55 bilhões a R$ 60 bilhões, um dos menores dos últimos anos.
O banco se comprometeu a devolver ao Tesouro em 2019 mais de R$ 120 bilhões referentes a empréstimos tomados na última década. O banco também deve aprovar alterações no estatuto para antecipar em 2019 quase R$ 10 bilhões em dividendos. (Reuters)