Soluções inovadoras permitem uso racional da água

22 de março de 2022 às 0h28

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Crédito: Divulgação

Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992, o Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, tem a intenção de destacar a importância da água para a nossa sobrevivência, além de falar sobre a grande necessidade de manter esse recurso disponível.

A escassez hídrica é um problema que atinge o mundo inteiro. As mudanças climáticas e os consequentes eventos climáticos extremos – com secas prolongadas e chuvas torrenciais em regiões onde antes isso não acontecia – atingem populações e negócios de maneira catastrófica.

A preocupação faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), lançados pela ONU, em 2015, com 17 metas que fazem parte da Agenda 2030, buscando um planeta mais equilibrado e justo para a natureza e a humanidade.

O ODS 6 trata especificamente da água: assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos. Os objetivos até 2030 são: alcançar o acesso universal e equitativo à água potável e segura para todos;  alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as necessidades das mulheres e meninas e daqueles em situação de vulnerabilidade;  melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais não tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente;  aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez de água, e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a escassez de água; implementar a gestão integrada dos recursos hídricos em todos os níveis, inclusive via cooperação transfronteiriça, conforme apropriado; proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água, incluindo montanhas, florestas, zonas úmidas, rios, aquíferos e lagos; ampliar a cooperação internacional e o apoio à capacitação para os países em desenvolvimento em atividades e programas relacionados à água e saneamento, incluindo a coleta de água, a dessalinização, a eficiência no uso da água, o tratamento de efluentes, a reciclagem e as tecnologias de reuso e apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da água e do saneamento.

Diante de um cenário que tende a se agravar, empresas mineiras buscam alternativas e investem em inovação para garantir um uso mais racional da água, mitigar riscos e custo e ainda “polir” a imagem.

Algumas indústrias têm na escassez hídrica um risco direto ao negócio. Com processos que usam a água intensivamente, elas têm ainda mais responsabilidade sobre a economia necessária e o compartilhamento das boas práticas com sua cadeia produtiva.

Essa é uma das angústias da Tirolez. Fundada há 41 anos, a empresa é uma das mais tradicionais marcas de laticínios do País. Com mais de 1.900 colaboradores, tem seis fábricas, sendo três em Minas Gerais (Tiros, Arapuá e Carmo do Paranaíba, no Alto Paranaíba); duas fábricas e um centro de distribuição em São Paulo e uma fábrica em Santa Catarina.

Além de cumprir todas as obrigações legais, a Tirolez realiza diversos projetos focados nos aspectos ambientais. Nos últimos dois anos, economizou 105 milhões de litros de água. Só em 2021, a empresa reduziu o consumo em 49,8 milhões de litros de água.

De acordo com o gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Tirolez, João Vitor Ferreira, a redução é fruto do reaproveitamento de água do soro, dos processos de tratamento de água das caldeiras e várias outras pequenas melhorias de fábrica, que reduziram a demanda das fontes naturais. Somente em 2021, a Tirolez recuperou, em média, 1.300m³/mês de água do soro nas unidades de Tiros e Arapuá.

“A preocupação com a água e o meio ambiente faz parte da nossa estratégia desde a fundação. Temos feito muitas ações para minimizar o uso da água. Ela faz parte do processo como um todo e a sua escassez coloca o negócio em risco. Criamos maneiras de fazer essa consciência não ficar só na alta gestão, envolvemos também a base. A ideia é que nossos colaboradores levem essa consciência e os conhecimentos para outros ambientes”, explica Ferreira.

Uma parte do soro, que é gerado na fabricação de queijo, é concentrada e vendida como matéria-prima para outros processos produtivos. O processo de concentração é feito a partir de membranas de nanofiltração, seguido de osmose reversa, que permite que um dos produtos finais seja a água desmineralizada, que é reintroduzida ao processo de fabricação de queijos.

Outra iniciativa é o tratamento da água usada para abastecer as caldeiras das fábricas. O processo inclui o uso do sistema de osmose reversa, cujo residual é a própria água, porém concentrada em minerais, que pode ser reaproveitada. Este processo acontece em praticamente todas as unidades da Tirolez.

“Criamos programas que garantem que as melhores práticas desenvolvidas em uma unidade possam ser adaptadas e aproveitadas nas demais. Estamos em regiões do País com grandes diferenças culturais e de condições naturais. Nosso desejo é contribuirmos também com a nossa cadeia, expandindo os conhecimentos especialmente para os nossos fornecedores, sejam grandes ou pequenos”, pontua o gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Tirolez.

Carro limpo

Processos ambientalmente responsáveis tendem a ser mais econômicos e podem gerar bons negócios. A clássica imagem de alguém com a mangueira desperdiçando água enquanto lava o carro na porta de casa, no domingo, ilustra bem uma cultura de desperdício arraigada no Brasil.

A média de consumo diário que a ONU recomenda é de 110 litros por pessoa ao dia, o que daria 3,3 mil litros de água por mês. No Brasil, porém, segundo dados do Instituto Trata Brasil, o consumo médio de um brasileiro é de 166,3 litros por pessoa/dia, ou seja, 51% acima do recomendado.

A observação dessa realidade fez surgir a Acquazero Eco Wash – especializada em lavagem automotiva e residencial ecológica. A rede começou a aderir várias maneiras de oferecer as limpezas utilizando o mínimo de água possível e apenas produtos biodegradáveis e flanelas de microfibra.

Segundo o diretor-executivo da Acquazero, Henrique Mol, a principal intenção é desperdiçar o mínimo possível de água, utilizando apenas 300ml de água para lavar um carro inteiro.

“Só é possível apresentarmos esses resultados porque investimos em inovação, utilizando produtos que são próprios para quebrar as partículas de sujeira, fazendo com que o veículo fique limpo e brilhante. Nos últimos 12 anos conseguimos economizar mais de 200 milhões de litros d’água. Essa pequena atitude para nós é muito significativa, pois sabemos que para o mundo é uma grande contribuição. Atualmente esse assunto é debatido em todos os lugares. E isso é excelente, pois, quanto mais pessoas engajadas a economizar água e a ter responsabilidade ecológica, melhor será para o nosso planeta”, defende Mol.

A rede, que faz parte da holding Encontre Sua Franquia – sediada em Belo Horizonte -, também é especialista em limpeza ecológica residencial, de aeronaves e de embarcações.

Economia de recursos é a base da BeGreen

Fundada em 2017, a BeGreen nasceu do sonho de criar a primeira fazenda urbana da América Latina, construída em Belo Horizonte, no Boulevard Shopping (região Leste). A aposta no sistema hidropônico é um dos diferenciais que permite que o negócio seja sustentável, garantindo uma economia de 90% de água em relação aos métodos tradicionais de cultivo.

A mais nova unidade da BeGreen foi instalada no Passeio das Águas Shopping, em Goiânia (GO), e será aberta ao público a partir do dia 25. Além dela, a rede está presente também em São Bernardo do Campo (SP), na fábrica da Mercedes-Benz; Rio de Janeiro (RJ), no Via Parque Shopping; Osasco (SP), na sede do iFood; Campinas (SP), no Parque D. Pedro Shopping;  e em Salvador (BA), no Shopping da Bahia. Atualmente produz cerca de 20 toneladas de alimentos por mês.

De acordo com o diretor de Produção e Pesquisa em Desenvolvimento da BeGreen, Marco Wunderlich, a nova unidade ocupa 1,1 mil metros quadrados e terá capacidade para produzir 2,7 toneladas de hortaliças por mês, o equivalente a cerca de 25 mil plantas, totalmente livres de agrotóxicos.

“A proposta da BeGreen é ser sustentável e para isso um dos pilares é a economia de recursos. A hidroponia economiza 90% da água gasta em processos comuns e a partir da unidade de Goiânia vamos conseguir economizar 60% do restante. Além disso, a utilização de estufa nos livra das variações climáticas, mantendo a produção constante e perto do consumidor  final, evitando os desperdícios comuns ao transporte de mercadorias tão sensíveis como as hortaliças”, explica Wunderlich.

Em maio a próxima unidade será inaugurada no Plaza Sul Shopping, em São Paulo. Até o fim do ano, a capital paulista também vai receber a primeira “unidade de escala” da BeGreen, que deverá ser 10 vezes maior que a média das fazendas atuais.

“Nosso objetivo agora é escalar a produção. Esse novo modelo vai nos permitir levar não só mais alimentos de boa qualidade, mas também educação para mais gente. Esse é um negócio que deu certo, sendo responsável e lucrativo para nós, nossos colaboradores, parceiros e principalmente para a população”, completa o diretor de Produção e Pesquisa em Desenvolvimento da BeGreen.

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