Fiemg discute integração de imigrantes no mercado de trabalho

12 de setembro de 2019 às 0h15

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Em Minas, o Serviço Jesuíta a Emigrantes e Refugiados faz um trabalho importante de acolhimento - Crédito: Divulgação

Gestores de recursos humanos e empresários de diversos setores no Estado se reuniram, ontem, na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), para discutir o papel das empresas no acolhimento e integração de imigrantes, principalmente venezuelanos. Durante o evento, foi apresentada a plataforma “Empresas com Refugiados”, produzida e fomentada por diversas organizações humanitárias e que tem o objetivo de sensibilizar e educar o setor corporativo em relação ao tema.

O Fórum Empresarial de Empregabilidade e Empreendedorismo para Refugiados e Migrantes contou com a participação de representantes do governo federal, de organizações internacionais, entidades locais que acolhem os imigrantes, além de empresas que operam em Minas Gerais e trabalham com o recrutamento de refugiados.

O Oficial de Meios de Vida do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Paulo Sérgio de Almeida, explicou que há diversas formas de oferecer apoio a essas pessoas que saíram de maneira forçada de suas casas. Mas, segundo ele, a integração delas à sociedade brasileira é a solução mais eficaz para todos os lados.

“O cenário ideal era essas pessoas voltarem para os seus países em uma situação normalizada. Mas, falando na prática, a solução mais eficaz é integrá-las. Só assim elas vão conseguir recomeçar e não ficar dependendo do País que as acolhe”, disse.

Ele lembrou que muitas dessas pessoas que atravessam a fronteira em busca de uma vida melhor têm formação e são qualificadas em diversas áreas e, por isso, têm muito a contribuir.

O oficial fez questão de frisar que o processo de contratação de um refugiado é 100% legal e que essas pessoas têm documentos e carteira de trabalho. Ele também lembrou que a contratação de refugiados gera impactos positivos nas empresas, sendo um dos principais a construção da diversidade, que leva à inovação. Além disso, ele lembrou que a taxa de retenção desses funcionários é acima da média, tendo em vista que eles enxergam nas empresas uma chance de estabilização e recomeço no País.

“Estamos aqui hoje para dizer que essa população precisa ter visibilidade nos processos de recrutamento das empresas. Por favor, reconheçam a existência e a capacidade dessas pessoas”, disse.

O coordenador de projetos da Organização Internacional para Migrações (OIM), Guilherme Otero, compartilhou uma pesquisa da entidade sobre as barreiras que as empresas encontram para contratar imigrantes. Entre as principais respostas apareceram a dificuldade com a documentação desses funcionários, a falta de informações sobre o tema e o desconhecimento sobre os canais para encontrar e recrutar essas pessoas.

Sobre a ideia de que empregar imigrantes é tirar emprego dos brasileiros, o coordenador lembrou que essa é uma percepção errônea, uma vez que o Brasil tem um saldo migratório negativo, ou seja, o número de pessoas que sai do País é bem maior do que o número de pessoas que entra.

Foi justamente para sanar esse desafio em relação à informação, que a Rede Brasil do Pacto Global e diversas outras organizações humanitárias criaram a plataforma digital Empresas com Refugiados. Nela, os empresários encontram cases de empresas que recrutam refugiados, além de todos os contatos para entender mais sobre as ações e participar desse movimento.

Operação Acolhida – Entre as ações de maior destaque no Brasil está a Operação Acolhida, missão humanitária liderada pelas Forças Armadas em Boa Vista, capital de Roraima. A região é a mais acessada pelos imigrantes venezuelanos e, desde o ano passado, tem recebido um número crescente de famílias que buscam refúgio no Brasil.

De acordo com o coronel Souza Holanda, que é chefe da célula de interiorização da Operação Acolhida, cerca de 250 venezuelanos entram no Brasil todos os dias com o objetivo de restabelecer suas vidas no País. A missão conta com 13 abrigos temporários com capacidade para 6 mil pessoas. A operação recebe os imigrantes e os cadastra em um banco de dados com o objetivo de direcioná-los a ofertas de emprego. Cerca de 12 mil venezuelanos já foram beneficiados até junho deste ano.

“A empresa que tem interesse em contratar um refugiado vem até nós com o perfil do candidato desejado. Nós buscamos nesse banco de dados, apresentamos os currículos e damos todo o suporte para as entrevistas por teleconferência ou presencial. Depois, quando ele é contratado, oferecemos apoio com aluguel social, passagem aérea e entregamos esse imigrante totalmente pronto para trabalhar”, disse.

Ação em Minas – No Estado, o Serviço Jesuíta a Emigrantes e Refugiados faz um trabalho importante de acolhimento e integração dessas pessoas. A analista social Nathália de Oliveira, explica que a instituição oferece todo o apoio, desde a regularização da documentação, passando por assessoria jurídica, assistência social, curso de português e inserção no mercado de trabalho.

A organização também faz o trabalho de sensibilização das empresas e informação para diminuir as barreiras de contratação de imigrantes. Entres as empresas mineiras que já foram impactadas pelo trabalho do Serviço Jesuíta a Emigrantes e Refugiados estão Gerdau, Super Nosso e Vilma Alimentos.

Outra empresa que também apresentou um case sucesso na contratação de refugiados é a Accenture, que tem uma base com 1.500 funcionários em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A empresa desenvolveu um programa de treinamento de imigrantes em Boa Vista, em Roraima, que inclui aulas de português, informática e tecnologias em geral. A Accenture busca entre essas pessoas formadas novos talentos.

“Esse programa surgiu a partir de uma necessidade da empresa, que era ter funcionários que falam outros idiomas. Hoje, temos 46 refugiados de 12 países na base brasileira, sendo 23 em Minas Gerais. Eles estão principalmente nas áreas de compras, contábil e financeira. Temos casos, inclusive, de irmãos que foram contratados juntos e que, hoje, estão muito inseridos e felizes na empresa”, afirmou a representante de Recursos Humanos da Accenture, Rejane Cardoso.

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