Tradição
Fábrica das Havaianas completa 10 anos em Montes Claros
Empresa, que atualmente usa cerca da 70% capacidade instalada, pode fabricar até 340 mil pares por dia
21 de novembro de 2023

Ao completar uma década no Norte de Minas, a planta da Alpargatas, empresa que produz as sandálias Havaianas, se consolida como a unidade mais moderna e com processos produtivos mais avançados do grupo. Para alcançar tal posição, ao longo da década foram investidos cerca de R$ 550 milhões que permitiram a produção de 520 milhões de pares de Havaianas. A fábrica é considerada um laboratório da companhia nos quesitos de automação e tecnologia.
Com capacidade de produção de cerca de 340 mil pares por dia, a empresa usa, atualmente, cerca de 70% desta capacidade e, por isso, tem possibilidade de crescimento. Sua produção corresponde de 30% a 35% do total produtivo das quatro unidades. As demais estão em Campina Grande e Santa Rita, na Paraíba, e Carpina, em Pernambuco.
De acordo com o diretor industrial da unidade, Leonardo Figueiredo, em termos de capacidade produtiva, a planta mineira não é a maior e perde para a unidade de Campina Grande (PB), porém, produz os modelos considerados clássicos e carros-chefes da empresa: a linha top, a slim e a Brasil em todas as suas variedades da numeração 23 a 47. “A unidade Minas Gerais é a que tem o processo mais produtivo. Consome menos matéria-prima, é mais automatizado e, por isso, necessita de menos mão de obra para produzir o mesmo produto. Por meio da tecnologia, esta unidade entrega vantagens competitivas para o negócio”, explica.

Hoje, a empresa emprega 2,5 mil colaboradores e produz cerca de 102 milhões de pares por ano no município. “Uma fábrica que se define pela otimização de processos industriais e é sede dos principais pilotos de automação”, resume Figueiredo.
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O gestor conta que há 10 anos, quando a empresa operava apenas na região Nordeste do Brasil, foi sentida uma necessidade de marcar presença na região Sudeste. “E os motivos para construir em Minas foram muitos. Também olhamos vantagens fiscais e, naquele momento, Minas foi um Estado interessante, pois Montes Claros nos pareceu a maior cidade que ficava mais ao sul dos locais em que ainda estavam sob os benefícios da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Além disso, já era uma grande cidade, com 300 mil habitantes”, diz.
Empresa produziu mais de 50 milhões de pares do terceiro trimestre do ano
A Alpargatas é a maior empresa de calçados brasileira com atuação global. Com quase 116 anos, atua diretamente em mais de 20 países e seus produtos são comercializados em mais de 130 nações.
A companhia possui uma cadeia de suprimentos vertical, ou seja, centraliza todo o processo de produção até à distribuição, empregando mais de 10 mil colaboradores em todo o mundo.
Segundo a última divulgação, a Alpargatas atingiu o volume de 51,5 milhões de pares vendidos no terceiro trimestre deste ano. Sendo 47,4 milhões de pares vendidos no Brasil (92,03%) e 4,1 milhões de pares vendidos no exterior (7,96%).
Além disso, a receita líquida total da empresa no terceiro trimestre de 2023 foi de R$ 884,7 milhões. Desse volume, R$ 707 milhões relacionados a vendas nacionais, e R$ 177,7 milhões em vendas no exterior.
A empresa é proprietária também de 49,3% da Rothy’s, marca digital norte-americana de calçados sustentáveis, e da Ioasys, empresa tech de inovação e transformação digital.

ESG em pauta
A empresa também possui ações voltadas com as práticas do ESG. Figueiredo conta com orgulho do Instituto Alpargatas, que assim como a unidade de Montes Claros, também completa 10 anos na cidade mineira. “Com 10 anos de atuação, o Instituto atua em todas as 50 escolas municipais de Ensino Fundamental na cidade, impactando mais de 20 mil alunos com projetos culturais e esportivos”, comenta.
Outra questão que ele aponta neste viés é a da economia circular e da logística reversa. De acordo com o gestor, toda sandália Havaiana que sai das fábricas, possui de 30% a 40% de composição feita pelo seu próprio resíduo industrial. “E o resíduo que a gente não consegue incorporar é vendido para parceiros como a indústria de pneus, da construção civil e produção de asfalto que conseguem reaproveitar o material”, revela Figueiredo.
Museu das Havaianas conta a tradição da marca
A planta da Alpargatas em Minas tem um diferencial que poucos conhecem. Ela é a única fábrica do grupo que abriga o Museu das Havaianas. Por lá, toda a história e a trajetória da construção da marca e desenvolvimento da sandália é contada por colaboradores que dominam as informações de mais de 60 anos do chinelo.
O local tem curiosidades e diversos modelos que marcaram gerações. As visitas ocorrem com agendamento e é aberto a todos. O público mais frequente são estudantes das escolas da região. De acordo com o diretor industrial da unidade, Leonardo Figueiredo, a unidade possui uma grande passarela aérea que invade uma parte da planta e dela o visitante consegue ter uma visão ampla da fábrica como um todo.
“É um ambiente completamente seguro porque não tem veículos industriais. O visitante está dentro da fábrica, mas está completamente isolado, por isso, é possível a visita de crianças em idade escolar”, comenta.
Figueiredo enfatiza que no passeio, o visitante, além de ter acesso ao museu, conhece a unidade fabril e aprende um pouco da história do calçado e dos mais de 115 anos da Alpargatas no Brasil. “Nossa visitação é guiada por colaboradores treinados para compartilhar décadas de histórias, desenvolvimento e curiosidades tanto da Alpargatas quanto da Havaianas”, finaliza.
Havaianas marcou gerações
Criada oficialmente em 1962, as Havaianas fizeram da Alpargatas uma das empresas mais tradicionais do Brasil, com quase 116 anos de existência. A marca da sandália foi criada oficialmente em 1962 e foi a pioneira no segmento de chinelos de dedo no Brasil.
Em 1966, foi patenteada com o marcante design como um calçado inédito descrito como “um novo tipo de sola com alça”. Daí veio a expressão “as legítimas” muito divulgada hoje no País.
A empresa atribui o sucesso à qualidade e ao preço acessível. Atualmente, conta com um portfólio que vai muito além das sandálias. As mais de 900 lojas monomarcas espalhadas pelos cinco continentes (entre franquias e próprias) comercializam, além das sandálias, camisas, shorts, blusas, bolsas, malas e acessórios.

Tamanho sucesso faz hoje a empresa lidar com o desafio das falsificações. O diretor industrial da unidade Montes Claros alega que não tem dados de quanto este mercado “clandestino e criminoso” tira do faturamento da empresa, mas alega que é uma “problemática”. “É uma prática que procuramos combater constantemente através das áreas competentes, como nossas áreas de compliance e, claro, por denúncias, e os órgãos competentes com poder de polícia”, conta.
Ele explica que, normalmente, as falsificações são feitas de materiais plásticos como o PVC, que é um material termoplástico e que, de acordo com ele, muito mais fácil de ser manipulado na indústria. “A borracha confere conforto exatamente por ser de borracha”, diz.

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