Investimento-anjo deve ter retração de pelo menos 10% neste ano

5 de setembro de 2020 às 0h19

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Infelizmente a perspectiva para 2020 é bastante negativa sob o ponto de vista dos investimentos, afirma Cassio Spina | Crédito: Divulgação/Anjos do Brasil

Setores tradicionais da economia estão sofrendo os impactos da crise causada pela pandemia da Covid-19 mundo afora. Por outro lado, atividades aliadas da inovação experimentam crescimentos exponenciais e oportunidades de negócios ímpares. Este é o caso das startups. Sejam elas de qual segmento for, os desempenhos têm sido surpreendentes.

Ainda assim, a expectativa dos investidores para 2020 não acompanha o otimismo. Depois de ultrapassar a barreira do bilhão pela primeira vez desde o início da série histórica (2010), chegando à marca de R$ 1,067 bilhão aportado em 2019, o investimento-anjo deverá sofrer uma queda de pelo menos 10% neste exercício, principalmente se não houver nenhuma ação para reverter a curva.

Os dados são da pesquisa realizada pela Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos que fomenta o investimento-anjo e apoia o empreendedorismo inovador no País. Segundo o levantamento, o volume recorde alcançado no ano passado representou um crescimento de 9% em relação a 2018, recuperando a queda de 0,4% daquele exercício em relação ao volume aportado em 2017.

O número de investidores também cresceu. A pesquisa revelou alta de 6% em 2019 frente a 2018, chegando a 8.220. Tanto o volume de investimentos como o número de investidores ultrapassaram as projeções efetuadas no ano anterior.

Perspectivas – Já sobre 2020, o presidente e fundador da Anjos do Brasil, Cassio Spina, revelou que antes da pandemia, era esperado um crescimento percentual no volume investido maior que o ocorrido no ano anterior. Agora, estima-se uma perda relativa acima de 20%.

“Apesar dos bons resultados, infelizmente a perspectiva para 2020 é bastante negativa sob o ponto de vista dos investimentos, porque os demais setores foram afetados e muitos empreendedores tiveram que realocar os recursos para manter os negócios atuais. Daí a naturalidade na retração dos aportes”, justificou.

Tratamento tributário A preocupação diz respeito à falta de incentivo, já que, enquanto diversos setores possuem os investimentos incentivados, os aportes em startups são duplamente tributados. Uma vez que, além do imposto sobre os ganhos de capital, as eventuais perdas não podem ser deduzidas.

“Percebemos que é urgente o estabelecimento da equiparação de tratamento tributário e a criação de mecanismos de incentivo, como, por exemplo, os existentes no Reino Unido, Itália e Espanha, países nos quais, além de isenção, se permite a compensação de até 50% do valor investido em startups nos impostos devidos. Neste quesito, o Brasil ainda está muito aquém dos países desenvolvidos”, explicou.

Ainda segundo o executivo, hoje, o volume de investimento no Brasil é apenas 0,85% do que é investido em startups nos Estados Unidos, que somam aproximadamente US$ 23,9 bilhões anualmente.

“Considerando que a relação do PIB (Produto Interno Bruto) dos países é de cerca de 10 vezes, o investimento-anjo no Brasil deveria ser de pelo menos R$ 12 bilhões. Mas para que o Brasil atinja todo seu potencial é necessária a criação de políticas públicas de fomento ao investimento em startups como ocorre nos países com ecossistemas mais dinâmicos”, alertou.

Especificamente sobre o mercado mineiro, Spina informou que não há dados regionalizados, uma vez que o levantamento é feito por amostragem. Mas destacou a relevância de Minas Gerais para o segmento. “Sabemos que Minas possui veia empreendedora forte. O Estado abriga vários ecossistemas de inovação e de empreendedores e, consequentemente, investidores ativos também”, resumiu.

PERFIL DO ANJO

Podem ser executivos, empreendedores ou outros profissionais bem-sucedidos de qualquer área com vontade de diversificar os investimentos. Em geral, são pessoas com grande interesse pelo empreendedorismo e com vontade de gerar novos negócios. É claro que o investimento-anjo não é uma atividade filantrópica: o objetivo do investidor anjo é aplicar em negócios com alto potencial de retorno que, consequentemente, terão um impacto positivo para a sociedade.

Para ser um investidor-anjo não é necessário possuir grandes fortunas. O investimento é feito em conjunto com outros investidores e o aporte varia entre R$ 200 mil e R$ 1 milhão em troca de uma participação minoritária na empresa, sendo que cada anjo pode investir valores a partir de R$ 20 mil.

 

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