Minas Gerais quer produzir vacina 100% nacional

10 de fevereiro de 2021 às 0h27

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O CT Vacinas trabalha em várias frentes de desenvolvimento de produtos para o combate à Covid-19 | Crédito: Divulgação

Minas Gerais pode entrar de vez na busca por uma vacina 100% nacional contra a Covid-19. Na semana passada, em Brasília, foi estabelecida uma parceria entre o governo de Minas Gerais e o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI) para o desenvolvimento de vacinas nacionais com a participação do Centro de Pesquisas em Biotecnologia – CT Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Nessa primeira reunião, que ainda não estabeleceu prazos ou cronograma, ficou acertada a busca por parcerias que viabilizem a construção de uma planta-piloto capaz de produzir em pequena escala e dar andamento aos testes clínicos.

De acordo com a professora titular da UFMG, pesquisadora do CT Vacinas e coordenadora da rede Vírus, Ana Paula Fernandes, desde o início da pandemia o centro de pesquisa trabalha em várias frentes de desenvolvimento de produtos para o combate ao Covid-19, incluindo vacinas e soros.

“Essa foi uma primeira reunião com o Ministério. Somos um laboratório da universidade vocacionado para o desenvolvimento de vacinas e testes com o intuito de que os produtos cheguem ao mercado. É uma pesquisa focada. Desde 2016 desenvolvemos várias plataformas vacinais, inclusive essas que estão sendo usadas para a fabricação das vacinas contra a Covid-19. No ano passado, iniciamos pesquisas para testes, vacinas e tratamentos. Recebemos um aporte do MCTI, por meio do programa Rede Vírus. Algumas dessas vacinas avançaram o suficiente para entrar em estudo clínico e, então, começamos a buscar parceiros. Levamos para o governo do Estado que está buscando alternativas para fazer as fases clínicas”, explica Ana Paula Fernandes.

O CT Vacinas é membro da Rede de Escritório de Projetos do MCTI de pesquisa da vacina da Covid-19 e trabalha em parceria com Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e centros internacionais e tem a possibilidade de desenvolver outras vacinas importantes para o Brasil.

“É um absurdo que o Brasil importe todos os insumos para fazer vacinas através de Bio-Manguinhos e Butantan. Hoje somos totalmente dependentes do mercado internacional e estamos deixando escapar uma grande oportunidade não só do ponto de vista da saúde, mas, também, econômico. Temos no Brasil profissionais capacitados e estrutura para desenvolver insumos e produtos, mas precisamos de apoio e criar parcerias que viabilizem essa produção”, pontua a pesquisadora.

O CT Vacinas já tem uma área para a construção da planta no espaço do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), na região Noroeste, ao lado da Universidade. O andamento dos testes colocaria Minas Gerais em condições de fortalecer o seu parque biotecnológico, que conta com empresas no Sul e no Norte do Estado, além da Capital e sua região metropolitana, principalmente.

Até ontem (9), Belo Horizonte aplicou a 1ª dose em 73.614 pessoas e a 2ª dose em 4.910 pessoas | Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil

“Temos o mais difícil, que são recursos humanos, com pessoal altamente qualificado e treinado. E já temos uma área e projeto para o BHTec. Não tínhamos tradição na pesquisa sobre SarsCov e, em apenas nove meses, já temos uma vacina para ir para teste clínico. Tudo isso é importante para a segurança nacional, a pandemia nos mostrou isso. Além disso, todo esse desenvolvimento nos ajudará a diversificar a nossa matriz econômica. O Brasil importa hoje US$ 14 bilhões em insumos. A maior parte das indústrias brasileiras que usam insumos de diagnóstico só empacota os kits aqui. Normalmente elas têm muita dificuldade para desenvolver os próprios produtos. Minas Gerais tem esse potencial para gerar conhecimento e transferir tecnologia. Vamos ao BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais) para discutir esse processo”, afirma a professora da UFMG.

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