Santa Casa de Belo Horizonte critica linha de crédito da Caixa

9 de abril de 2020 às 0h18

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O governo federal criou linha específica de R$ 5 bilhões para as Santas Casas | Crédito: Alisson J; Silva/Arquivo DC

Em meio ao caos provocado pela pandemia do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou, no fim de março, uma linha de crédito específica para as Santas Casas via Caixa Econômica Federal.

O valor total disponibilizado será de R$ 5 bilhões, a uma taxa de juros de 10% ao ano. Até então, a taxa era de 20%, segundo o próprio presidente. A promessa é de que os contratos antigos serão revisados.

A benesse, porém, não é tão boa quanto parece, de acordo com o diretor de Gestão Corporativa e Relações Institucionais da Santa Casa de Belo Horizonte (SCBH), Gonçalo de Abreu Barbosa. Segundo ele, as condições do empréstimo são leoninas e a burocracia da Caixa Econômica não deve fazer com que os recursos cheguem a quem precisa. A taxa de juros proposta é quase o triplo da Selic – taxa básica paga pelo governo para se financiar, que está em 3,75% ao ano.

“Esse anúncio é pura enganação. A Caixa está cobrando juros muito mais altos do que os praticados pelo mercado. Também é preciso entender que isso é um empréstimo, não um socorro. É uma dívida que tem que ser paga. Além disso, a Caixa Econômica impõe uma série de garantias que não são exigidas pelo sistema privado, como deixar com ela os nossos recebíveis e passar para ela a nossa folha de pagamento de graça, por exemplo. Também temos que deixar aplicadas de duas a seis parcelas do empréstimo. Tudo isso para o dinheiro só chegar depois de 30 dias da assinatura do contrato”, reclama Barbosa.

Durante o lançamento da linha de crédito, o presidente afirmou que tem interesse particular na medida por ter uma “dívida de gratidão” com as Santas Casas brasileiras. Isso porque, em 2018, enquanto candidato, ele teve a vida salva pelo atendimento realizado na Santa Casa de Juiz de Fora (Zona da Mata), após levar uma facada. O argumento, porém, não comoveu o gestor da SCBH.

“Esse tipo de anúncio dá a impressão de que estão ajudando os hospitais filantrópicos, mas não estão. Não passa de marketing. No ano passado, mobilizamos o setor filantrópico e conseguimos a aprovação do uso de recursos do FGTS para nos ajudar. Até agora, a Caixa Econômica não se mexeu nesse sentido. Precisamos ter em mente que cerca de 50% dos atendimentos do SUS (Sistema Único de Saúde) no Brasil são realizados pelos filantrópicos, não podemos ficar abandonados no meio dessa crise”, defende o diretor de Gestão Corporativa e Relações Institucionais da Santa Casa BH.

Nesse meio tempo, o Senado aprovou a transferência de R$ 2 bilhões da União para Santas Casas e hospitais sem fins lucrativos (filantrópicos), em sessão virtual no dia 31 de março.

Os recursos são destinados a uma ação emergencial e coordenada no combate à pandemia do coronavírus. O PL 1006/2020 está em análise na Câmara dos Deputados.

Por meio desse auxílio financeiro, hospitais filantrópicos poderão trabalhar de forma articulada com o Ministério da Saúde e os gestores estaduais e municipais SUS para oferecer mais serviços, principalmente leitos de terapia intensiva.

“A plenos pulmões” – Enquanto isso, a Santa Casa de Belo Horizonte continua lutando para sobreviver e continuar prestando assistência como hospital de referência no combate ao Covid-19 na Capital. São mais de mil leitos e é preciso suprir o aumento da utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs), insumos e outros gastos necessários ao enfrentamento da pandemia.

Atualmente, o hospital dispõe de 10 leitos de tratamento intensivo exclusivos para o atendimento aos pacientes com suspeita ou confirmação do novo coronavírus, com previsão de ampliação para mais 50, podendo chegar a 200, se necessário. Além disso, possui 17 leitos de enfermaria, com capacidade de expandir para 46, e se for preciso, chegar a 200. Apenas a manutenção diária de um leito de CTI para esse fim é de, aproximadamente, R$ 2 mil.

Doações – Por isso são necessárias doações. Elas podem ser feitas em dinheiro via depósito bancário na conta do Banco Cooperativo do Brasil S/A (Número: 756 | Agência: 4027 | Conta: 1.600.001-3 |Em nome da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte | CNPJ: 17.209.891/0001-93). Pela Central de Doações, é possível solicitar o débito da doação em conta mensal da Cemig e Copasa, a partir de R$ 5.

Ou ainda, autorizar a doação via cartão de crédito e boleto, a partir de R$ 10. Para isso, basta ligar para a Central de Doações no (31) 3274-7377 ou enviar por WhatsApp “Quero Doar” para (31) 9-9579-6139.

Para outros tipos de doações, tais como equipamentos, repasse de materiais ou patrocínio de projetos, basta entrar em contato com a Provedoria da Santa Casa BH pelo telefone (31) 3238-8873. As doações em dinheiro também podem ser feitas pessoalmente na Provedoria da Santa Casa BH (rua Álvares Maciel, 611 – Santa Efigênia).

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