À cata de respostas

21 de dezembro de 2019 às 0h01

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CRÉDITO: REPRODUÇÃO

CESAR VANUCCI*

“Perguntar não ofende.” (Bordão popularizado por programa humorístico de alguns anos atrás)

Mais perguntas, nascidas das vivências do dia a dia, à cata de respostas. As perguntas sem respostas fixam um limite, que naturalmente se quer transpor, na busca por explicações relacionadas com problemas e dúvidas afloradas no curso da caminhada do ser humano.

Levantamento feito pela Fundação João Pinheiro aponta “os dez municípios mais ricos de Minas Gerais”. O comentário dos técnicos chama a atenção para o fato de que cinco deles têm na extração mineraria a principal atividade econômica. São Gonçalo do Rio Abaixo, na região central, localidade em que se acha assentada uma mina da Vale, é o que ostenta, de conformidade com a pesquisa, o maior PIB no Estado, considerada a renda per capita. Extrema, no Sul, com foco na indústria e no comércio, é o município com o segundo melhor resultado nesse tipo de classificação. Em terceiro vem Araporã, no Triângulo, onde opera uma hidrelétrica. Confins, zona metropolitana de BH, favorecido pelo desempenho do Aeroporto Internacional, entra em quarto lugar na relação. A quinta posição contempla Jeceaba, cuja economia é pautada na indústria de transformação. Na sequência, nesta ordem, vinculadas também ao segmento de extração mineral, colocam-se Tapira, Catas Altas da Noruega e Nova Lima. São José da Barra (localidade em que, igualmente, funciona uma hidrelétrica) ocupa o nono lugar. Itatiaiuçu, também situada em faixa de mineração, figura na décima colocação.

A classificação alinhada pela FJP suscita indagação: a constatada pujança econômica global dos municípios citados estará devidamente refletida nos índices de bem-estar social de seus moradores? A renda per capita apurada assegura a certeza de que, em matéria de saúde, educação, infraestrutura urbana e rural, entre outros itens que medem o desenvolvimento humano, os habitantes dessas localidades estão sendo satisfatoriamente assistidos? Pelas regras econômicas vorazes, despojadas de sensibilidade humanitária, que regem os destinos das pessoas em tudo quanto é canto deste planeta azul – onde a economia é tolerada como um fim em si mesma, e não como um meio para atingir fins, sempre sociais -, a teoria se mostra na prática bem diferente. Para facilitar o raciocínio, recorramos a uma hipótese mirabolante. Suponhamos que, inesperadamente, Bill Gates, que foi ou ainda é o homem mais rico do mundo, resolva transferir seu domicílio para o Haiti. A contabilidade estatística logo acusará que o país foi catapultado à invejável condição de detentor de PIB representativo da mais opulenta renda per capita do mundo. Essa imaginária circunstância permitirá aos haitianos o desfrute de um padrão de bem-estar social superior ou equivalente ao dos noruegueses? Hein?

No ano de 2019, quase 20 mil brasileiros foram penalizados pelas rigorosas leis de imigração vigentes nos Estados Unidos. A maioria por tentativa de penetração ilegal no país. Outros mais devido à permanência por tempo mais dilargado do que o estipulado no visto de entrada. A quantidade pontuada revelou-se dez vezes maior do que a do ano anterior. Não pode ser descartada a possibilidade de que a estatística concernente às rejeições abarque, também, uma parcela razoável de pessoas que, mesmo tendo a documentação em ordem, se viu impedida de pisar em solo estadunidense, por motivos (ou falta de) variáveis. Preconceito racial, má vontade, manifestações birrentas de guardas aduaneiros despreparados. O noticiário traz sempre relatos de episódios desagradáveis ocorridos nos portões de entrada dos aeroportos do grande irmão do Norte. São circunstâncias que contrastam contundentemente com a atitude amplamente acolhedora, talvez até em dose exagerada, adotada pelo governo na recepção ao cidadão estadunidense que demande nosso território. Cabe, então, encaixar aqui uma indagação. Será que os canais diplomáticos brasileiros não poderiam ser acionados no sentido de se obter, junto aos órgãos competentes dos Estados Unidos, uma mudança de comportamento no tocante a essa questão? Se não uma reciprocidade de tratamento para turistas brasileiros, no tocante à liberação de vistos, pelo menos a certeza de que todos os viajantes com documentação regular, daqui oriundos, sejam indistintamente acolhidos nos pontos de desembarque naquele país com gestos de urbanidade e polidez de trato, sem receios de que possam, inesperadamente, se verem alvejados por atos abusivos praticados por agentes públicos arbitrários?

Voz do leitor. Recebo do conceituado jurista Aristóteles Atheniense, a propósito do artigo “O líder classista que acaba de partir” (DC 17.12), a seguinte mensagem: “A homenagem que você prestou ao Danilo Savassi merece ampla divulgação. O texto retrata, com absoluta fidelidade, o saudoso empresário que teve marcante atuação nas entidades a que pertenceu. É de homens como o Danilo que o Brasil carece, no momento, ante as incertezas que assolam o nosso País.”

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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