Compromissos eleitorais em tempos de disrupção

1 de julho de 2022 às 0h26

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Crédito: Divulgação

As campanhas relativas às eleições deste ano estão prestes a começar, criando grande expectativa quanto às propostas dos candidatos para a aceleração do crescimento econômico, enfrentamento dos problemas internos do Brasil e da conjuntura global marcada por pressões sobre os preços e dificuldades de oferta de produtos e insumos. Muitos fatores, como as sequelas internacionais remanescentes da pandemia e o conflito entre Rússia e Ucrânia, estão fora de nosso controle. Por isso, precisamos resolver o que está ao alcance da vontade política e das decisões do Estado, em sintonia com os interesses maiores, anseios e prioridades dos brasileiros.

Se arrumarmos nossa casa, com certeza estaremos mais preparados para nos posicionar de modo mais competitivo e estratégico no turbulento cenário mundial. Nesse contexto, são imprescindíveis as reformas estruturantes que seguem pendentes, aguardando aprovação no Congresso Nacional. As mais relevantes e urgentes são a tributária, para que tenhamos um sistema de impostos menos oneroso, mais justo e equânime entre todos os setores e pessoas físicas, e a administrativa, de modo que o Estado passe a servir à sociedade com eficácia e produtividade.

Ao mesmo tempo, precisamos, de imediato, buscar o equacionamento das contas públicas e trabalhar para que a inflação volte ao centro da meta, em equilíbrio com o câmbio e taxas de juros menores. A agenda de combate à desigualdade também é crítica. Os programas sociais são necessários, mas a oportunidade de sermos uma nação realmente desenvolvida brota da educação e da cultura, com projetos substantivos e geração de empregos de qualidade. Assim, é urgente manter não apenas a universalização das matrículas, uma conquista importante, mas atingir um novo patamar de excelência no ensino, em todas as etapas. Temos capacidade para fazer isso, como se observa nas escolas do Sesi e do Senai e outras instituições do Sistema S.

O País precisa de propostas concretas de quem se dispõe a ocupar os governos estaduais, a Presidência da República e as cadeiras do Legislativo para o crescimento sustentado e sustentável e o bem-estar da população. É fundamental priorizar questões como produtividade, infraestrutura, “custo Brasil” e seu impacto na competitividade, numa agenda que contemple aporte tecnológico, capacitação de recursos humanos, mudanças climáticas, distribuição de renda, inclusão e diversidade, em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e dos princípios de ESG (governança ambiental, social e corporativa).

Para viabilizarmos um Brasil mais próspero e desenvolvido há, ainda, uma estratégia inadiável: empreender política industrial eficaz e realmente capaz de sintonizar o País ao que se assiste em numerosas nações. O setor manufatureiro está sendo reposicionado com base numa nova realidade geoeconômica e geopolítica.

Não se trata de copiar o modelo de ninguém, mas essencialmente de resgatar um forte traço de nossa cultura econômica, cuja gênese foi marcada, ao lado do extrativismo, pela indústria e, em particular, a têxtil e de confecção, estando esta presente desde os primeiros anos do Brasil Colonial. Precisamos caminhar, sem demora, para um parque fabril permeado por inteligência artificial, internet das coisas, impressão 3D, robotização e sustentabilidade.

Carecemos, portanto, de uma política industrial com planejamento e previsibilidade, ancorada em P&D e que contemple linhas especiais de crédito, incentivos à produção conforme vocações regionais e mercadológicas e regime tributário incentivador aos investimentos voltados à inovação, incluindo os bens de capital. Cumpre ao governo, em parceria com o setor privado, o fomento de pesquisa e ciência nas universidades e institutos públicos, remover obstáculos burocráticos e promover incentivos nas áreas em que haja vantagens competitivas ou interesse estratégico.

São muitos os desafios colocados aos governantes e parlamentares a serem eleitos em outubro próximo. Porém, eles têm a seu favor diferenciais que poucos países oferecem aos seus gestores: grande potencial demográfico-mercadológico; população resiliente e com imensa capacidade de superação; recursos naturais e minerais abundantes; a maior reserva hídrica do mundo; exuberante biodiversidade; e setores de atividade bem-estruturados.

Tais fatores favoráveis à competitividade, associados à premência de recuperação do dinamismo no crescimento do PIB, perdido nos últimos 30 anos, e as mudanças disruptivas suscitadas pela pandemia conferem responsabilidades ainda maiores aos ocupantes de cargos eletivos. Não podemos mais nos dar ao luxo de postergar soluções.

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