O presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, esteve em Nova Iorque na semana passada para mais uma rodada de encontros com investidores e, por óbvio, explicações sobre a política e projetos da estatal. Em termos mais diretos, para buscar, primeiro, confiança e, segundo, os investimentos que frustraram o último leilão para concessões, realizado no final do mês passado e no qual os lances mais relevantes ficaram por conta da própria estatal. Castello Branco fez algumas afirmações que geram preocupação.
Para começar, disse que a empresa vai focar suas atenções em exploração e produção de petróleo e gás natural, em águas profundas, portanto, os campos do pré-sal. Paralelamente, descontinuará as atividades no território continental, hoje concentradas no Norte-Nordeste. O que o presidente entende como “foco” poderá ser, potencialmente, uma ameaça. De que outra maneira, afinal, entender que seja preferível exportar óleo cru, em que o País já alcançou a autossuficiência, e importar refinados, com maior valor agregado e que chegam ao consumidor local contaminados pela especulação internacional.
Se não bastassem as palavras do presidente, a elas poderia ser acrescentada a informação de que o plano de investimentos da Petrobras para os próximos quatro anos soma U$ 75 bilhões e, desse valor, apenas 8% será dedicado ao refino, área em que, junto com a distribuição, estaria concentrada a maior fatia de ganhos para a empresa. Pelos mesmos motivos soa estranho que a empresa tenha decidido vender oito de suas treze refinarias, sintomaticamente conservando apelas aquelas localizadas no eixo Rio-São Paulo. Minas Gerais e a Refinaria Gabriel Passos, envelhecida, desatualizada e já incapaz de abastecer o mercado local, ficam de fora, numa regressão cujo grande impacto econômico as lideranças locais aparentemente não se deram conta.
Tudo isso autoriza a conclusão de que o País está pondo a perder seus esforços e seus investimentos para fazer do petróleo o passaporte para seu ingresso no mundo desenvolvido.