Os países mais ricos e influentes do planeta concordam que a pandemia desencadeada pelo coronavírus produzirá, além de perdas humanas em escala sem registros anteriores, uma recessão igualmente inédita.
Estudos do Banco Mundial (Bird) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam na mesma direção e já antecipam que a crise que está chegando será ainda pior que a de 1929.
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Nesse contexto, dizem as mesmas fontes, é previsível que o Brasil seja um dos países mais atingidos, com o seu Produto Interno Bruto (PIB) podendo cair, já neste ano, pelo menos 6%. As contas de alguns bancos locais vão na mesma direção, diferentemente das avaliações oficiais.
Evidentemente que ninguém em Brasília fala mais num crescimento que poderia chegar aos 3%, conforme as previsões do início do ano. Alguns ainda acreditam num valor modesto, mas positivo e longe das previsões que vêm do exterior.
Mais ousado, nesse momento, é o ministro da Economia, Paulo Guedes, que depois de lembrar que o País começou o ano otimista e ainda poderá surpreender o mundo, lembrando, por exemplo, que está entre os poucos que vem mantendo seu volume de exportações, com a queda de 30% nos negócios com os Estados Unidos superada pela elevação das vendas à China.
Guedes disse numa palestra para empresários promovida por um banco de investimentos, que não quer vender sonhos ou ilusões, menos ainda minimizar o tamanho do problema representado pela pandemia.
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Para ele, que não se coloca entre os que condenam o isolamento social, o fundamental é manter o que chama de “sinais vitais” da economia, com atenção às áreas de energia, transportes e alimentação, ao mesmo tempo mitigando as perdas dos mais sensíveis. Feito isso, passada a tempestade, a volta poderá ser rápida, até em V como gostam de dizer os economistas.
Para o ministro, dependendo é claro da evolução da pandemia, será possível enxergar sinais positivos já no segundo semestre do ano, com avanço nas privatizações e nas reformas e redução de despesas, marcantemente com o funcionalismo.
Evidentemente que um discurso neste compasso e partindo de quem parte faz bem. Sobretudo se o ministro da Economia estiver realmente convencido de que não pode vender sonhos nem ilusões e, na hora certa, contar com as ferramentas que garantam uma recuperação rápida, passada a tempestade. Só cabe torcer que sua voz, agora quase solitária, acabe acertando e o Brasil possa finalmente alcançar um patamar de mais tranquilidade.