GABRIELA VIDIGAL SANTANA GALVÃO *
Manter ou escalar um negócio exige relevância, posicionamento e ousadia para ser inovador. Em contrapartida, planejamento em longo prazo, barreiras burocráticas e desafios inesperados se afiguram, muitas vezes, como entraves intransponíveis a concretização de tais objetivos.
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A Marsh Risk Consulting, empresa do grupo Marsh & McLennan Companies, em parceria com o RIMS (The Risk and Insurance Management Society), apresentou o Benchmark de Gestão de Riscos da América Latina no ano de 2019. A pesquisa realizada com executivos de quase 300 empresas concluiu que apenas 40% das organizações contam com um nível médio de maturidade em gestão de riscos.
Dentre os entrevistados, 51% consideram a cultura e os valores da organização como os principais obstáculos para implementar uma matriz de risco coerente com os reais desafios enfrentados. Por outro lado, 46% acreditam que o impedimento está na falta de conhecimento sobre a sua importância e sobre o valor que esta é capaz de aportar.
A gestão eficiente dos riscos corporativos permite identificar oportunidades e ameaças ao desenvolvimento dos negócios. Ao criar uma inteligência e uma estratégia para condução eficiente, aprimora-se a capacidade de organização e de reação diante das mudanças. O resultado direto é a mitigação da probabilidade de ocorrência dos riscos e a significativa redução das contingências.
No desenvolver de uma política sob medida, é criado um ambiente de controle por meio do qual os riscos são identificados e classificados conforme a sua magnitude e probabilidade de ocorrência. A avaliação criteriosa permite definir o apetite e a tolerância da companhia, tomando por base não apenas a sua missão e visão, como também os interesses dos stakeholders.
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Dentro dessa perspectiva, a elaboração de normas e diretrizes ganha uma dimensão muito mais ampla, pois passa a incluir a fixação de objetivos e de melhores práticas para garantir o desempenho da sociedade e a melhor alocação de recursos.
Através da informação, da comunicação e do monitoramento, promove-se uma administração organizada que contribui para criação de uma estrutura autogerenciável. Órgãos como o Conselho de Administração e o Conselho Consultivo atuam como elos de relacionamento entre os sócios e o restante da organização.
Sua atuação visa à valorização da sociedade, a otimização e o retorno dos investimentos no longo prazo. Mais que isso, enquanto guardiões do objeto social, visam ao melhor interesse da companhia tendo em vista o seu direcionamento estratégico.
A despeito da incontestável relevância para perenidade dos empreendimentos, o Dashboard de 2019 do Backer&McKenzie mostrou que 73% dos executivos brasileiros deixam de implementar uma política estruturada de gestão de risco por se preocuparem com a exposição aos padrões e procedimentos éticos. Destes, 53% afirmaram que deixam de falar abertamente sobre o assunto para evitar chamar atenção para as falhas da companhia.
Contudo, estruturar e implementar a Governança Corporativa significa valer-se da ferramenta para proteger o ambiente interno e externo. Além disso, ao prezar pela conformidade legal dos procedimentos organizacionais agrega-se valor e gerenciam-se os incidentes.
Levando à conclusão necessária de que: correr riscos é necessário para inovar e conquistar objetivos mais ambiciosos. Porém, é o gerenciamento eficiente, orientado para a identificação de oportunidades e redução das contingências, o verdadeiro responsável por proporcionar a vantagem competitiva.
*Advogada de Negócios na Lacerda, Diniz, Sena Advogados