O papel das Ciências Humanas na formação dos líderes

23 de junho de 2022 às 0h27

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Crédito: Divulgação

As instituições educacionais empresariais e de ciências exatas têm, muitas vezes, negligenciado a relevância das ciências humanas na formação de líderes audazes e diferenciados. Acredito que possa haver um certo olhar equivocado para as humanidades visto que em diversas situações ela é encarada como “ciência menor”. Considero um grande equívoco.

Quando todo esse ramo de conhecimento é pouco usado e, até, posto de lado, perde-se algo fundamental no contemporâneo processo de “partilha do saber” que considerem era a experimentação como forma e, portanto, seja altamente (re) evolucionária. Penso que muitos estudiosos temem tal abordagem experimental das Humanas, pois isso colocaria todo o arcabouço objetivo e lógico em xeque. Sinto que na academia e no mercado de trabalho isso seria quase colocar as Ciências Exatas numa posição de fraqueza. Discordo.

Como educadora e reitora da Faculdade SKEMA Business School acompanho a formação de líderes locais de culturas diversas. E, apesar de estarem em países diferentes, percebo como a transversalidade do ensino que contempla que as Humanas perpassem toda a formação Exata. Educandos que têm essa perspectiva entram preparados para o desafio de liderar porque abrem novas formas de aprendizagem e podem ser usados como uma ferramenta para desenvolver novas habilidades. Eles abrem novas formas de aprendizagem, descobrindo e abordando muitas questões.

Vejamos as habilidades que os recrutadores estão procurando hoje em um mundo digital. A prática de ferramentas digitais é obviamente uma obrigação, assim como, mais tradicionalmente, a aquisição de um campo de especialização demonstrando o domínio de uma gramática de um domínio.

No mundo dos negócios, portanto, é necessário contribuir com um campo de conhecimento adquirido através por meio da própria formação, que pode ser financeiro, marketing, contabilidade, logística, sistemas de informação, ciências da engenharia. É neste bloco de conhecimento que será enriquecido pela prática, espera-se que outras habilidades contribuam para o desenvolvimento da empresa.

As soft skills – habilidades de comunicação, empatia, adaptabilidade e pensamento crítico – são as principais habilidades encontradas nos líderes que são capazes de deixar uma marca. Neste mundo em rápida evolução, perfis ágeis que entendem os desafios e a obrigação de coordenar com outros setores da empresa são habilidades essenciais. A interdisciplinaridade praticada nas instituições de ensino inovadoras permite obter uma visão transversal e, sobretudo, compreender melhor os desafios de cada setor.

Também permite o desenvolvimento de uma linguagem comum para uma melhor comunicação em uma empresa que conseguiu criar uma sinergia nos seus departamentos funcionais. A organização ideal não existe, mas hoje uma organização matricial que se desenvolve em modo de projeto é a mais comum.

Vamos avaliar os métodos de aprendizagem de habilidades brandas, classificando primeiro o pensamento crítico. É claro que esta abordagem crítica deve ser construída sobre bases rigorosas de pesquisa e comparação de experimentos, mas também pode aumentar a criatividade e a capacidade de criar cenários.

A demanda tão retida em empresas de naturezas variadas, “pensar fora da caixa”, não seria tão complexa de se ter e desenvolver em uma equipe se uma metodologia experimentada e testada pudesse ser usada para resolver situações. Pensar fora da caixa, não! Pensar já é um ato revolucionário e não devemos enquadrar nosso fazer criativo – desde micro a imensas soluções – a fórmulas objetivas para soluções padronizadas. Isso é empobrecedor.

O design thinking , nesse aspecto, é uma das várias práticas criativas que se baseia em pesquisas etnográficas utilizando métodos de entrevista e design para imaginar necessidades latentes, desenvolver empatia (que não é apenas colocar-se no lugar dos outros com compaixão) e imaginar o que o usuário pode experimentar para melhorar sua experiência de vida. Estas são habilidades que podem ser atribuídas às soft skills, que são essenciais em qualquer campo de especialização (direito, negócios, tecnologia, ciências médicas, ciências de engenharia, etc).

É óbvio que estas abordagens não dispensam a prática de análise rigorosa dos resultados encontrados e, sobretudo, integram etapas de testes e interação de experimentos. Em um mundo que deve inovar constantemente diante de novos desafios, estas habilidades de abordagem crítica, combinadas com uma capacidade de análise e enriquecidas pela prática de colocar o conhecimento acessível em perspectiva e experimentação durante a observação, são habilidades-chave.

Esses métodos criativos, aliados a métodos ágeis que permitem interações e ajustes em planos de ação baseados em elementos recentemente identificados sem perder de vista os objetivos, exigem verdadeiras habilidades de trabalho em equipe. Essas são habilidades encorajadas no ensino das ciências humanas, que se concentra no comportamento humano, permite uma melhor compreensão dos outros, o desenvolvimento da empatia para melhor acompanhar os outros sem substituir a simples compaixão e a prática da interdisciplinaridade para compreender rapidamente as interdependências de cada pessoa e a necessidade de uma organização colaborativa para obter uma visão de 360°, na medida do possível!

A criação na memória de um repertório de cenários, mesmo virtuais, é sempre interessante, desde que tenham sido construídos com uma certa qualidade de reflexão. Além disso, não estou mencionando o prazer que isso pode trazer! Gostaria de finalizar com uma pergunta e convido você, leitor, a tentar respondê-la calmamente e de modo livre e intuitivo. Esse pode ser um começo de abertura interna para você e sua corporação. Por que o mundo precisa de mentes ágeis com repertório afetivo? Deixo com vocês a minha resposta. Esta combinação é minha bússola de valores e me ajuda no mundo empresarial e na vida pessoal. Afinal, somos uma coisa só, não é mesmo?

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