Perspectivas ruins para a economia
17 de abril de 2020 às 0h12
Vivaldo José Breternitz*
É oportuno começarmos a pensar no Brasil pós-pandemia, especialmente no que se refere à economia.
Embora a América Latina como um todo tenha experiência em lidar com crises financeiras, a pandemia representa uma nova dimensão, pois as medidas necessárias para conter o vírus e socorrer os mais carentes afetam as economias de forma muito violenta.
O cenário não é animador. O FMI estima que nossa atividade econômica neste ano cairá 5,3%, quase que a mesma coisa que a da América Latina como um todo, que deve ter queda de 5,2%. O Banco Mundial não apresenta números muito diferentes: 5% de queda para o Brasil e 4,2% para a América Latina.
As principais causas desse cenário trágico foram, além do impacto da pandemia, a queda dos preços das matérias-primas, das quais somos grandes exportadores, em função da queda ou crescimento pífio de nossos parceiros comerciais, principalmente a China, os Estados Unidos e os países do G7.
A inflação deve permanecer estável, mas o desemprego deve subir dos cerca de 12% para perto de 15%.
Para superar tudo isso é preciso, além de vencer o vírus, planejar e deixar de lado os interesses políticos, entendidos esses em seu pior sentido, coisa que parece ser difícil acontecer aqui.
É um triste consolo, mas vale lembrar que até estamos bem se nos compararmos à Venezuela de Maduro, onde a atividade econômica deve cair cerca de 15%.
*Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie