Recorde na safra brasileira de grãos

13 de setembro de 2019 às 0h01

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Crédito: Pedro Revillion/Palácio Piratini

Benjamin Salles Duarte *

O 12º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revela que a safra brasileira de grãos, 2018/2019, atingiu o recorde de 242,1 milhões de toneladas numa série histórica desde 1977/1978, sendo cultivados 63,2 milhões de hectares, 7,4% do território nacional, e com uma produtividade média de grãos de 3.830 quilos por hectare.

Na safra de 1977/1978, para efeito comparativo e segundo os pesquisadores Eliseu Alves, Elisio Contini e José Garcia Gasques (Embrapa/Mapa), fundamentados no trabalho “Evolução da produção e produtividade da agricultura brasileira,” a área plantada foi de 36,5 milhões de hectares, com uma oferta de grãos de 38,2 milhões de toneladas, e produtividade de 1.044 quilos por hectare (Conab).

Resumindo: comparando-se 2018/2019 com 1977/1978, a área de cultivos cresceu 73,1%; a produção, 533,7%; e a produtividade, 266,8%. Mercados e adoção de múltiplas tecnologias pelos produtores rurais explicam esses desempenhos! Para o pesquisador Eliseu Alves, a tecnologia já responde por 70% da safra de grãos 2018/2019, com tendência de crescimento até 2030, e ainda presumível queda do fator terra em termos percentuais nesse horizonte de tempo. Com base no Censo Agropecuário de 2006, os avanços na agricultura brasileira foram devidos em 68% à tecnologia; 22% a mão de obra qualificada, e 10% relativos ao fator terra (Embrapa).

Registre-se que as safras de grãos colhidas no Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul somam 110,1 milhões de toneladas ou 45,5% do total de 2018/2019, sendo a liderança nacional do Mato Grosso, com 67,3 milhões de toneladas. Concentração da produção? Minas também colhe uma safra recorde de 14,2 milhões de toneladas em 3,4 milhões de hectares ou 5,8% do território mineiro. Menos terra e mais produtividade, o que exigem mais pesquisas, gestão para resultados e lucratividade. Minas tem a maior diversidade de culturas da agricultura nacional (IBGE)!

No caso do trigo brasileiro, cenário atípico no agronegócio, a oferta é de 5,4 milhões de toneladas para um consumo estimado interno de 12 milhões de toneladas. Assim, dependerá de importações principalmente da Argentina por decorrência de acordos comerciais bilaterais, em que pese que o fato do Brasil poder ser autossuficiente nessa cultura milenar. Na safra 2018/2019, o milho entra com 100 milhões de toneladas, e a soja com 115,1 milhões ou 215,1 milhões de toneladas, atingindo 88,8% do total da produção de grãos. Safras generosas abastecem o mercado interno, sustentam as agroindústrias, asseguram os compromissos de exportações para 160 países, alimentam os rebanhos de pequenos e grandes animais, reduzem o preço da cesta básica, e ofertam milhões de empregos nos sistemas agroalimentares.

E mais, mobilizam as máquinas e equipamentos agrícolas, informações, crédito rural, e outros insumos estratégicos indispensáveis às culturas de grãos, cereais e oleaginosas. Vale lembrar que os fertilizantes, num pacote completo de tecnologias, aumentam a produtividade da terra por unidade produzida, amenizando também a expansão da fronteira agrícola, mas não a impede.

Exemplo: o Matopiba, que reúne parte dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, abrange 31 microrregiões; 337 municípios; e 73,1 milhões de hectares, que representam os 51% dessas áreas estaduais somadas (Gite/Embrapa). Havendo mercados, tecnologias adotadas e logísticas operacionais eficientes, presume-se um futuro promissor!
E mais, num cenário mais amplo, as safras brasileiras dependem em mais de 90% da chegada das chuvas, que é uma referência indissociável para o início da temporada de plantios da safra 2019/2020.

Além disso, e reafirmando a qualidade dos produtos brasileiros, a China também está credenciando cerca de 25 frigoríficos para exportarem carnes de bovinos, frangos e suínos para atendimento à demanda interna daquele País, que é a 2ª economia mundial depois dos EUA. O mercado é pragmático! O desabastecimento alimentar, em havendo, poderá ter consequências graves nas economias mundiais, a depender de sua duração e magnitude.

Vale lembrar que na safra 2018/2019, os EUA produziram 366,3 milhões de toneladas de milho; a China, 257,3 milhões; e o Brasil, 100 milhões, somando 723,6 milhões de toneladas ou 64,6% no conjunto. No mundo, a oferta foi de 1,12 bilhão de toneladas, sendo o grão mais cultivado nos continentes (Fiesp). Apenas para efeito didático, a produção brasileira de grãos foi de 242,1 milhões de toneladas, e apenas a de milho, nos EUA, 366,3 milhões de toneladas; continuam uma potência agrícola, organizada!

*Engenheiro agrônomo

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