PT e PSD devem formalizar a aliança em Minas Gerais

Partido dos Trabalhadores deve escolher vice na chapa de Alexandre Kalil

18 de maio de 2022 às 3h27

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Ex-presidente Lula terá um lugar no palanque do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil | Crédito: Amira Hissa / PBH

Brasília – PT e PSD superaram um dos principais obstáculos para a consolidação de uma aliança em Minas Gerais que irá oferecer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva um lugar no palanque do ex-prefeito Alexandre Kalil no segundo maior colégio eleitoral do País.

O avanço das negociações se deu após os petistas mineiros cederem e abrirem mão de indicar o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) para a disputa por uma vaga ao Senado na chapa encabeçada por Kalil.

Em troca, o PT de Minas Gerais vai poder indicar o nome para a vaga de vice-governador na chapa. Ainda não há definição de nomes.

A disputa pelo Senado era o principal entrave para a aliança, pois o nome do PSD é o do atual senador Alexandre Silveira (PSD-MG), presidente do partido em Minas Gerais e secretário-geral nacional do PSD.

Silveira ainda é aliado próximo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e conta com apoio da bancada de deputados da sigla comandada por Gilberto Kassab.

Nos últimos dias, haviam até surgido rumores de que Silveira poderia aceitar convite para se tornar o líder do governo Jair Bolsonaro (PL) no Senado, uma movimentação que era vista nos bastidores como forma de pressionar o PT.

Na contramão, petistas chegaram a sugerir uma aliança com o atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Nos bastidores, no entanto, havia o entendimento de que PT e PSD precisam um do outro.

Ao mesmo tempo em que Lula busca palanque em Minas Gerais, as pesquisas de intenção de voto no Estado colocam Kalil na segunda colocação.

Na última pesquisa da Quaest em Minas Gerais, Zema aparece em primeiro lugar, com 41% das intenções de voto. Kalil vem em segundo, com 30%. No entanto, quando recebe apoio do ex-presidente, o ex-prefeito de Belo Horizonte avança no levantamento.

Na corrida presidencial, a pesquisa em Minas Gerais traz Lula com 44% das intenções de votos no Estado, contra 28% de Bolsonaro.

No início deste mês, Lula esteve em Minas Gerais e não se encontrou com Kalil devido ao impasse na possível aliança estadual entre PSD e PT.

Depois disso, em sabatina realizada pela Folha, o ex-prefeito de Belo Horizonte cobrou uma aliança formal entre os dois partidos.

“O que o candidato Alexandre Kalil quer é uma aliança formal com o presidente Lula. Isso eu quero deixar muito claro. Não tenho problema nenhum em andar com o presidente Lula”, afirmou.

Os dois lados vão manter a negociação nos próximos dias para acertar os últimos detalhes e anunciar em breve um possível acordo. Dirigentes do PSD afirmam que a indicação para a vice em Minas Gerais não será uma carta-branca e caberá ao partido e a Kalil aceitarem a indicação.

Lopes foi escolhido para coordenar a campanha de Lula no Estado e, assim, resolver o impasse com o PSD. “Vou desenhar o palanque que for melhor para a eleição do Lula em nome do Brasil”, respondeu Lopes à Folha ao ser questionado sobre a possibilidade de ser vice de Kalil na disputa.

Como coordenador da campanha presidencial do PT em Minas Gerais, caberá a Lopes negociar a montagem do palanque pelo partido em interlocução com o PSD. O nome escolhido para compor a chapa com Kalil deverá ser de consenso entre os dois partidos.

Com o acordo iminente, Silveira deve novamente se afastar do Palácio do Planalto. O senador, que substituiu Antonio Anastasia, que deixou o Senado para uma vaga no TCU (Tribunal de Contas da União), foi convidado por Bolsonaro ainda em janeiro para ser líder do governo, mas acabou recusando.

Uma nova sondagem surgiu por parte de ministros bolsonaristas nos últimos dias, o que foi visto como uma aposta para afastar PT e PSD, tendo em vista as eleições de outubro.

Na quarta-feira da semana passada, Silveira chegou a ter uma reunião com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em uma sala da presidência do Senado.

O cargo de líder do governo segue vago desde dezembro do ano passado, após a renúncia de Fernando Bezerra (MDB-PE), que foi abandonado pelo governo e saiu derrotado na disputa por uma vaga no TCU.

Seguem como candidatos à vaga de líder do governo Marcos Rogérios (PL-RO) e o atual líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (PL-TO).

Fachin anuncia que pleito terá observadores

Brasília – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, anunciou ontem que mais de 100 observadores internacionais, inclusive autoridades europeias, acompanharão as eleições em outubro, e afirmou que o mundo estará atento ao pleito no Brasil.

As declarações Fachin ocorrem após o próprio tribunal ter cancelado um convite feito para que uma missão de observadores da União Europeia acompanhasse as eleições brasileiras, após o governo do presidente Jair Bolsonaro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, ter demonstrado desagrado com a iniciativa.

“Acordamos que realizar-se-á uma rede de observações internacionais para garantir a vinda ao Brasil antes e durante as eleições – não apenas dos organismos que já mencionamos -, mas de diversas autoridades europeias e de outros continentes que tenham interesse e condições em acompanhar de perto o processo eleitoral de outubro próximo”, disse Fachin durante evento na sede da corte eleitoral em Brasília.

“Nossa meta é ter mais de 100 observadores internacionais durante o processo eleitoral no Brasil”, completou.

No mês passado, a Reuters havia revelado que, em março, o TSE tinha feito pela primeira vez um convite para a União Europeia ser observadora das eleições deste ano. Posteriormente, o Itamaraty divulgou um comunicado em que mostrou desagrado do governo com o convite feito pelo TSE, o que levou a um recuo do tribunal.

Depois disso, após fazer novos ataques ao sistema de votação, Bolsonaro disse que se quer dar “ar de legalidade” ao processo eleitoral ao convidar observadores internacionais, que, segundo ele, ficariam apenas olhando.

“Que observação é essa? Que legalidade? Com que segurança podem dizer que aconteceu as eleições?”, questionou.

O presidente tem retomado os ataques e acusações sem provas à segurança e lisura do processo eletrônico de votação. Candidato à reeleição, Bolsonaro aparece atualmente em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo as sondagens, o presidente seria derrotado pelo petista em um eventual segundo turno.

Na segunda-feira (16), durante discurso a empresários do setor de supermercados em São Paulo, Bolsonaro voltou a atacar, novamente sem apresentar evidências, o sistema de votação e afirmou que as eleições deste ano podem ser “conturbadas”.

Regressão

Em sua fala, o presidente do TSE citou uma série de agressões às instituições democráticas que ocorreram em outros países, como Peru e Estados Unidos, e alertou que essa possibilidade de regressão com infiltração no ambiente nacional “infelizmente” já ocorreu.

Fachin questionou o que considera “transtornos” da apuração do resultado das eleições em papel e novamente defendeu o voto em urnas eletrônicas, destacando que o Brasil não mais concorda com aventuras autoritárias.

“A ninguém interessa reprisar essa realidade no País, cuja experiência de 25 anos com a urna eletrônica permitiu a superação dessas inquietudes. Por isso, é esta urna eletrônica e o nosso processo eleitoral que trazem paz e segurança para as nossas eleições”, disse.

“O mundo observa com atenção o processo eleitoral brasileiro, somos hoje uma vitrine para os analistas internacionais e cabe à sociedade brasileira garantir que levaremos aos nossos vizinhos que levaremos uma mensagem de estabilidade, de paz, de segurança e de que o Brasil não mais aquiesce com aventuras autoritárias”, reforçou.

Após receber o respaldo de senadores, conforme noticiado pela Reuters na segunda-feira, Fachin e outros integrantes da cúpula do Judiciário têm adotado posicionamentos mais contundentes ante a ameaças ao Poder e às eleições brasileiras. (Reuters)

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