Mercado eleva projeção da inflação para 2018 e vê atividade econômica crescer menos
São Paulo/Brasília – O mercado passou a ver mais inflação neste ano, mas manteve a visão de que o Banco Central (BC) não vai mexer na Selic tão cedo, em meio ao cenário de fraca atividade econômica. Pesquisa Focus do BC divulgada ontem mostrou que as projeções de alta do IPCA neste ano passaram a 4,15%, frente a 4,11% antes, mas ainda abaixo do centro da meta oficial de 4,50%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Para 2019, as estimativas foram mantidas em avanço de 4,10%. Em julho, o IPCA desacelerou sua alta mensal a 0,33%, após salto de 1,26% no mês anterior devido aos impactos da greve dos caminhoneiros. O movimento de desaceleração já era esperado, mas foi menos intenso do que as projeções de analistas ouvidos pela Reuters, de alta mensal de 0,27%. Selic – Apesar de ver um pouco mais de inflação neste ano, os analistas consultados na pesquisa Focus continuaram projetando que o BC manterá a taxa básica de juros na sua mínima histórica de 6,50% até o final deste ano, mesmo cenário do Top 5, grupo que mais acerta as previsões no levantamento. Para o final de 2019, também foi mantida a estimativa de que a Selic estará em 8%. Na semana passada, o BC reforçou que o cenário de inflação continuará favorável se não houver choques adicionais. No início deste mês, o BC manteve a taxa básica de juros em 6,50%, ressaltando que a retomada da atividade econômica será ainda mais gradual do que a esperada antes da greve dos caminhoneiros. Sobre a paralisação, ocorrida no final de maio, o BC assinalou que os efeitos que elevaram a inflação de junho “devem ser temporários”. Também não mudaram as visões sobre o dólar, a R$ 3,70 tanto no fim deste ano, quanto no ano que vem. Na semana passada, o dólar saltou 4,23% e foi acima do patamar de R$ 3,85, interrompendo cinco semanas seguidas de perdas, com maior aversão ao risco na cena externa e maior cautela dos investidores com a proximidade das eleições presidenciais de outubro no Brasil. PIB – Já a expectativa de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano passou de 1,50% para 1,49%. Há quatro semanas, a estimativa era de crescimento de 1,50%. Para 2019, o mercado manteve a previsão de avanço do PIB de 2,50%, igual ao visto quatro semanas atrás. No fim de junho, o BC reduziu sua projeção para o PIB em 2018, de 2,6% para 1,6%. A instituição atribuiu a mudança na estimativa à frustração com a economia no início do ano. Em 20 de julho, o Ministério do Planejamento também atualizou sua projeção, de 2,5% para 1,6%. No relatório Focus de ontem, a projeção para a produção industrial de 2018 foi de alta de 2,85% para elevação de 2,79%. Há um mês, estava em 2,96%. No caso de 2019, a estimativa de crescimento da produção industrial seguiu em 3,00%, igual ao verificado quatro semanas antes. Há duas semanas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial subiu 13,1% em junho, em um movimento de recuperação após a greve dos caminhoneiros. Em maio, a produção industrial havia despencado 11%. A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2018 permaneceu em 54,25%. Há um mês, estava em 54,93%. Para 2019, a expectativa seguiu em 57,70%, ante os 58,00% de um mês atrás.
Ouça a rádio de Minas