Ifood quer expandir negócio com supermercados

São Paulo – O aplicativo de entrega de comida iFood prepara-se para ampliar seus braços sobre o varejo supermercadista em 2020, reforçando seu foco na cadeia de alimentos, em um momento em que rivais avançam sobre suas áreas de negócios.
A companhia, controlada pela brasileira Movile, estima elevar a base atual de supermercados atendidos para 1.000 estabelecimentos distribuídos por todas as grandes cidades brasileiras até o final do primeiro semestre de 2020, disse o vice-presidente financeiro, Diego Barreto. Até novembro, o iFood atendia 200 supermercados em 80 cidades do País.
A iniciativa acontece enquanto grupos como GPA seguem investindo em aplicativos de entrega de produtos e comércio eletrônico de alimentos e novos entrantes surgem no setor, como o aplicativo de transporte urbano 99, que em novembro lançou serviço de entrega de comida, o 99 Food.
Desde 2011 no mercado como um aplicativo que conecta restaurantes a consumidores no Brasil, o iFood desde então ampliou sua atuação. No final do ano passado, recebeu aporte de US$ 500 milhões do sul-africano Naspers e da Innova Capital.
Neste ano, além de iniciar a operação com supermercados, a empresa está investindo em oferta de serviços de gestão de restaurantes e inteligência artificial, iniciativas que incluem até entregas via robôs.
“Não estamos atirando para todos os lados. Nosso foco é na cadeia de valor de alimentação. A empresa tem compromisso com crescimento sustentável, e temos cumprido o que estava previsto em nosso plano de negócios”, disse Barreto, sem mencionar números financeiros da companhia.
Captação de clientes – A operação com supermercados atraiu nesta semana a rede varejista BIG, anteriormente conhecida como Walmart Brasil, e deve incluir novas bandeiras nos próximos meses, além de supermercados regionais, disse o executivo.
“Esperamos redes de capilaridade nacional entrando no serviço nos próximos meses, assim como captação natural de supermercados regionais, que possuem uma estrutura de venda online menor e esperam complementar suas ofertas com a gente”.
Enquanto isso, para enfrentar os novos entrantes no mercado de entrega de refeições, a iFood tem focado em ampliar vínculos com entregadores e restaurantes, oferecendo seguro para 100% dos 83 mil entregadores cadastrados em sua plataforma no País, disse Barreto. Uma das iniciativas recentes foi a oferta em novembro de descontos para abastecimento de combustível dos veículos dos entregadores em postos de rede parceira da empresa.
“Naturalmente, tem mais competição. Mas a empresa apresentou forte crescimento nos últimos anos. Apesar da competição, temos feito um trabalho sustentável”, disse.
O executivo citou os dados da operação de entrega de comida do iFood em novembro no Brasil, em que o número de pedidos recebidos disparou 116% sobre um ano antes, atingindo 26,6 milhões. Segundo Barreto, o desempenho do mês passado foi semelhante ao obtido nos outros meses do ano, e, em 2020, a “empresa deve seguir crescendo tanto quanto nos últimos anos”.
“Não imaginamos motivo para o mercado não apresentar a mesma velocidade de crescimento deste ano”.
O número de cidades com serviços do iFood também cresceu em novembro no País para 912 ante 459 um ano antes. A base de restaurantes cadastrados disparou de 52 mil para 131,3 mil no período.
Apesar do salto nas operações e do avanço dos rivais sobre seu mercado, Barreto afirmou que a companhia não trabalha com a possibilidade de uma eventual oferta inicial de ações (IPO), aproveitando o bom momento da bolsa brasileira, uma vez que conta com sua própria geração de caixa e com o aporte recebido no ano passado. “Isso será suficiente para os planos de crescimento da empresa nos próximos anos”, afirmou o executivo. (Reuters)
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