Sistema de negócios do comércio exterior é alterado

Rio – As companhias brasileiras que trabalham com comércio exterior estão na expectativa diante de um possível aumento de casos de coronavírus no País. Os contatos entre empresários nacionais e estrangeiros, em especial da China e demais países asiáticos, passará a ser feito mais via telefone, e-mail ou videoconferência do que pessoalmente.
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirmou ontem que a China (país que concentra o maior número de casos e mortes por coronavírus) passará por uma grande reacomodação e isso causará um grande baque para as nações asiáticas, principalmente no que se refere a produtos novos, “porque eles não se vendem por fotografia”.
Castro informou que atualmente, “na medida do possível”, as empresas estão tentando exportar. “Infelizmente, hoje, o coronavírus é que está dizendo o que deve ser feito”. Não basta simplesmente a vontade de exportar ou importar, afirmou.
Commodities – Castro esclareceu que uma oferta maior de produtos no mercado internacional vai pressionar para baixo os preços das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado exterior) e os manufaturados vão ser afetados por conta da quantidade.
“Como o Brasil não tem preço competitivo em manufaturados, a tendência é que seja afetado em função do coronavírus”, analisou.
A AEB está projetando queda nas importações porque a demanda do mercado interno deverá ficar abaixo do que se previa, diante de um crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB). Também as exportações deverão cair porque esse novo vírus está espalhado pelo mundo, disse Castro.
Internamente nas empresas, Castro afirmou que não houve nenhuma interrupção de trabalho. “Ninguém deixou de trabalhar por conta do vírus. O problema é na ponta de fora”. Castro explicou que as empresas querem comprar da China e esta não pode entregar. Isso implica em interrupção dos fluxos comerciais. “Isso gera uma interrogação sobre o que vai acontecer”.
Como os casos de coronavírus são reduzidos tanto na Europa como nos Estados Unidos, o presidente da AEB assegurou que os empresários brasileiros vão continuar indo para esses mercados, que seguirão abertos. Já para a China e demais países da Ásia, os empresários do Brasil vão pensar duas vezes antes de viajar para esses destinos, “salvo se houver uma mudança muito brusca no cenário que está hoje”. As empresas vão se adaptando à medida que surgem novas notícias, indicou. (ABr)
Bancos estrangeiros mudam projeções para o País
Brasília – O Bank of America reduziu ontem sua perspectiva de crescimento econômico para o Brasil em 2020 para menos de 2%, enquanto o JP Morgan cortou a projeção ainda mais abaixo dessa linha, que muitos observadores dizem ser altamente sensível para o governo do presidente Jair Bolsonaro.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e outras autoridades têm dito repetidamente que as reformas econômicas do governo e as baixas taxas de juros produzirão crescimento confortavelmente acima de 2% neste ano, com Guedes confiante em 2,5%.
Mas vários indicadores econômicos têm vindo mais fracos que o esperado.
Citando o impacto na economia chinesa proveniente do surto de coronavírus, os economistas do BofA e do JP Morgan reduziram, pela segunda vez neste ano, as estimativas de crescimento para o Brasil em 2020, com o BofA diminuindo o número de 2,2% para 1,9% e o JP Morgan, de 1,9% para 1,8%.
“O surto de coronavírus deve impactar negativamente as exportações. Dado o maior impacto esperado do vírus e os contínuos indicadores de atividade econômica sem sinal uniforme no Brasil, reduzimos nossa previsão em outros 30 (pontos-base)”, afirmaram os economistas do banco, David Beker e Ana Madeira, em relatório publicado ontem.
Os economistas do JP Morgan disseram que o crescimento dos investimentos neste ano agora será menor em 5%, enquanto as exportações cairão 0,5%
“Considerando tudo, vemos agora o PIB de 2020 subindo 1,8%, um décimo abaixo da nossa estimativa publicada no início deste mês”, escreveram.
A previsão oficial de crescimento permanece em 2,4%, embora o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, tenha dito em uma entrevista este mês, que a taxa pode ser revisada. (Reuters)
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