CSN teria interesse em adquirir a Samarco

São Paulo – A mineradora Samarco “não está à venda”, disseram ontem as proprietárias da joint venture, Vale e BHP, após circular notícia de que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) estaria interessada no ativo. As empresas reafirmaram ainda o apoio ao plano de reestruturação protocolado pelos sindicatos de empregados da Samarco e outros credores em 18 de maio.
“Ambos acionistas estão focados nos preparativos para a audiência de conciliação amanhã e em garantir a sustentabilidade da Samarco e sua responsabilidade com os esforços de reparação, que não são endereçados pelo plano dos credores”, disseram as empresas em nota.
A CSN estaria elaborando uma oferta de aquisição da Samarco, que será apresentada ao juiz do tribunal de falências que supervisiona a reestruturação da dívida da mineradora, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto.
A CSN contratou a empresa de reestruturação RK Partners para elaborar proposta para comprar o controle da Samarco, disseram as fontes, pedindo anonimato para divulgar discussões privadas. Uma das pessoas disse que a Vale já afirmou à CSN que não está interessada em vender a Samarco.
A RK Partners está entrando em contato com os donos da Samarco, a Vale e a BHP, assim como com sindicatos e credores financeiros, disse a fonte. Um acordo pode não ser fácil, segundo a fonte, devido aos passivos da Samarco relacionados ao desastre de 2015 na cidade de Mariana, na região Central do Estado.
Acionistas que se comprometeram a pagar pelos danos podem resistir a qualquer proposta de abrir mão do controle de operações enquanto mantém essa responsabilidade.
Audiência
O juiz que supervisiona a falência da Samarco marcou para hoje uma audiência de mediação entre dois grupos que apresentaram propostas concorrentes de reestruturação, uma liderada por credores e outra pelos sindicatos com o apoio da Vale e da BHP.
De acordo com um documento arquivado pela Samarco no tribunal de falências e visto pela agência Reuters, a mineradora está pedindo ao juiz de falências que rejeite o plano proposto pelos credores por “inconsistências”.
Os advogados da Samarco dizem que a redução de 96% na dívida de R$ 23 bilhões junto a credores está sujeita a impostos e criaria um passivo fiscal de US$ 1,5 bilhão que não foi avaliado no plano. Representantes dos credores não comentaram imediatamente o assunto.
Em nota, o grupo de credores disse que a análise da Samarco sobre o plano é incorreta e afirmou que a redução da dívida não criará passivo tributário.
Cotação do minério de ferro recua na China
Nova York – Os contratos futuros de minério de ferro em Dalian caíram 11% ontem, no limite permitido pela bolsa para variação diária dos preços, enquanto os contratos de Cingapura recuaram até 8%, devido ao aumento dos temores sobre um colapso do consumo de aço na China.
Traders se preocupam com os fundamentos do mercado em meio à luta da China para conter os recentes surtos de Covid-19, à desaceleração na atividade de construção durante a estação chuvosa, ao aumento do estoque de aço devido à demanda fraca e aos lucros fracos das siderúrgicas.
O contrato de minério de ferro mais negociado, para entrega em setembro, na bolsa de commodities de Dalian encerrou as negociações diurnas em queda de 11%, a 746 iuanes (US$ 111,60) a tonelada, seu menor nível desde 16 de março.
Na Bolsa de Cingapura, o contrato de julho para o ingrediente siderúrgico caiu 8%, para US$ 110,40 a tonelada. “Os preços do aço caíram para mínimos de 16 meses à medida que os estoques aumentam”, disseram analistas da Westpac em nota.
Isso aumenta a pressão baixista nos mercados de minério de ferro decorrente de lockdowns na China e produtores de aço ociosos devido à queda nas margens, disseram eles.
Traders que esperavam por medidas imediatas de política econômica para sustentar a economia em dificuldades se decepcionaram, já que a China manteve suas taxas de empréstimo de referência para empréstimos corporativos e familiares, como esperado, ontem. (Reuters)
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