Mostra “Studio Drift” desembarca no CCBB BH

Na celebração do aniversário de dez anos do CCBB Belo Horizonte, o público mineiro será presenteado com a mostra “Studio Drift – Vida em Coisas”. Usando a luz como um dos elementos básicos de construção de sua arte, Lonneke Gordijn e Ralph Nauta – da dupla Drift – exploram as relações dos seres humanos com a natureza e a tecnologia de forma simples e ao mesmo tempo profunda, conferindo aos visitantes a oportunidade de vivenciarem obras que tocam em elementos essenciais da vida na Terra.
Nascidos na Holanda, os artistas do Drift se tornaram mundialmente conhecidos pela criação de esculturas, instalações e performances que colocam pessoas, ambiente e natureza na mesma frequência. Suas obras sugerem ao público uma reconexão com o planeta e poderão ser conferidas, gratuitamente, a partir do próximo domingo (27) de agosto e até 6 de novembro. Os ingressos gratuitos devem ser retirados na bilheteria do CCBB ou pelo site bb.com.br/cultura.
De acordo com Alfons Hug, curador da mostra ao lado de Marcello Dantas , ao escolher a luz como elemento central de suas composições artísticas, Drift “nos faz pensar no mundo de hoje, mas também em nossas origens, pois esta luz vem de longe e contém um vislumbre do passado remoto”.
Dantas explica que existe uma racionalidade por trás das obras do Drift, que é a possibilidade da natureza e da tecnologia viverem em harmonia. “Seja pelo mundo biônico, seja pelo conceito de animismo, em que todas as coisas – animais, fenômenos naturais e objetos inanimados – possuem um espírito que os conecta uns aos outros”.
O animismo em Drift significa, por exemplo, transformar um robô numa flor, revelando o encontro entre “a projeção que fazemos das coisas e aquilo que elas potencialmente podem ser”, complementa Dantas.
“Ao estudar os seres vivos e tentar emular artificialmente seu comportamento, passamos a criar uma escuta e uma linguagem que, em alguma dimensão simbólica, podem ser sincronizadas”, ressalta.
A luz como elemento essencial está presente em Fragile Future, que procura fundir natureza e tecnologia em uma escultura multidisciplinar de luz. A proposta é uma visão utópica e crítica do futuro do nosso planeta, em que duas formas de evolução aparentemente opostas realizam um pacto de sobrevivência.
Circuitos elétricos tridimensionais, de bronze, ficam conectados a sementes da planta dente-de-leão, que emitem luzes. Trata-se de uma escultura com forma potencialmente infinita, que pode crescer ou encolher, dependendo do espaço que ocupa. Para a construção, a dupla recorreu a sementes que, uma a uma, receberam luzes de LED, num processo artesanal que resiste aos métodos de produção em massa e à cultura do descarte.
O comportamento das flores que, durante a noite, se fecham, numa medida de proteção e de economia de recursos, é apresentada na escultura hipnótica Shylight (foto), algo como “luz tímida”, se traduzido para o português.
Se grande parte dos objetos feitos pelos homens tendem a ter uma forma fixa, o projeto do Drift, neste caso, é recuperar a ideia de que, na natureza, tudo está em constante metamorfose e adaptação. Assim, os objetos animados ganham a força de expressar, caráter e emoção.
A escultura Ego, pensada inicialmente para compor o cenário da ópera Orfeu, representa a rigidez da produção da humanidade e o quanto é importante que essa produção se torne fluida, para que não colapse. A obra questiona o quanto nossas esperanças, verdades e emoções são resultado direto da rigidez ou da fluidez de nossa mente. Um bloco de fibra de náilon oscila, graças à ação de oito motores e um algoritmo pensado especialmente para a obra, acompanhada de uma composição especialmente feita pelos artistas.
Blocos
O papel humano na construção dos significados é abordado na série Materialism, na qual peças em formato de blocos comprimem objetos. Os materiais ganham uma forma condensada, instigando a imaginação sobre o papel humano na transformação da natureza. Neste projeto contínuo, o público pode conferir as obras: Fusca Volkswagen, Jogo Game Boy, Pandeiro, Havaianas, Bicicleta, Lápis, Cadeira Banquete (em parceria com o Estúdio Campana) e Cabo Elétrico.
Na passagem por Belo Horizonte, a exposição contará com a exibição da Cadeira Banquete, criada em parceria com o Estúdio Campana, dos irmãos e designers Humberto Piva Campana e Fernando Piva Campana.
Também fazem parte da exposição as peças Amplitude, Franchise Freedom, Coded Nature, Drifters, Dandelight e Making of Drift, uma instalação com peças que mostra uma espécie de “making of” do trabalho da dupla. Para a construção dessas obras monumentais, os artistas comandam uma equipe multidisciplinar de 64 pessoas, com um estúdio em Amsterdã e outro em Nova York.
Ouça a rádio de Minas