Café produzido na Amazônia vira tema de documentário

23 de fevereiro de 2021 às 0h15

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Crédito: EMATER-DIVULGAÇÃO

São Paulo – Um capítulo “arrobustado” dos quase 300 anos de história do café no Brasil virou filme, revelando detalhes da produção em terras amazônicas de Rondônia, cuja bebida de sabor singular tem potencial de ampliar presença nos mercados de grãos finos, aponta a Embrapa, produtora do documentário.

“Robustas Amazônicos – Aroma, sabor e histórias que vêm das Matas de Rondônia” busca revelar detalhes desse café canéfora, que, ao contrário do que alguns pensam, não se trata do conilon, como ele também é chamado no Brasil – são grãos botanicamente diferentes, com origens em regiões distintas da África.

O trabalho defende também que Rondônia – quinto produtor de café do Brasil e segundo da espécie canéfora (atrás do Espírito Santo, com seu tradicional conilon) – está adotando boas práticas socioambientais, após reduzir a área cafeeira em cerca de 75% nos últimos 20 anos e ao mesmo tempo aumentar a produção no período, com melhores técnicas agrícolas e investimentos.

O documentário, com cerca de 50 minutos de duração, lançado no YouTube ontem, destaca que o café das Matas de Rondônia tem um terroir que resulta em um grão diferenciado que justifica sua Indicação Geográfica, em estágio final de reconhecimento, segundo a Embrapa.

“As pessoas já conheciam as características maravilhosas do arábica, mas um canéfora fino poucas pessoas conhecem, porque não se trabalha em larga escala”, afirmou o pesquisador da Embrapa Enrique Alves, um dos maiores especialistas em robustas amazônicos, que participou da produção que pode ser vista no YouTube.

Alves disse acreditar que o robusta tem condições de ganhar maior espaço na crescente parcela de cafés finos do Brasil. “Em uma década, eu acredito que o robusta terá o mesmo reconhecimento do arábica, porque a evolução é muito grande…”, disse ele, citando o desenvolvimento da cultura.

Rondônia tem hoje uma produção de cerca de 2,5 milhões de sacas de 60 kg, ainda distante dos maiores produtores como Minas Gerais, que colhe dez vezes mais. Mas há espaço para expansão.

“Se imaginarmos que tínhamos mais de 300 mil hectares em 2001 e hoje apenas 70 mil, e ainda produzimos mais que no passado, para crescer seria apenas retomar aquelas áreas, ou mesmo ocupar áreas de pastagens e grãos”, argumentou o engenheiro agrônomo.

Perfil – A cafeicultura rondoniense é constituída em sua maioria por pequenos produtores de base familiar, que totalizam 17 mil propriedades, incluindo indígenas.

“Hoje em Rondônia não precisa desmatar mais nada, nem um hectare… Temos uma área muito grande a ser explorada, com baixa produtividade de outras culturas, que pode ser explorada no café “, disse no documentário a produtora Poliana Perrut.

“Para plantar o café, não precisa desmatar, o que tem na reserva já é suficiente para fazer um café de qualidade”, acrescentou o indígena Valdir Aruá, que produz café orgânico. (Reuters)

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