Bolsa tem queda de 2,5% em meio à tensão entre China e EUA

6 de agosto de 2019 às 0h04

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Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli

São Paulo – A B3 seguiu a derrocada global, diante da escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, com o principal índice acionário doméstico caindo ao piso em mais de um mês.

O Ibovespa caiu 2,51%, a 100.097,75 pontos, para a mínima de fechamento desde 18 de junho. O volume financeiro da sessão somava R$ 17,86 bilhões. Antes do ajuste, índice fechou abaixo do patamar de 100 mil pontos. Apenas dois papéis fecharam no azul, Marfrig e IRB.

O pessimismo cresceu após o ministério chinês de Comércio informar que empresas do país pararam de comprar produtos agrícolas dos EUA e que o país pode impor tarifas sobre bens norte-americanos comprados após 3 de agosto.

A China também deixou o iuan romper o nível de 7 por dólar pela primeira vez em mais de uma década, num sinal de que o país está disposto a tolerar mais fraqueza no câmbio, após Trump prometer impor tarifas sobre 300 bilhões de dólares restantes das importações chinesas a partir de 1º de setembro.

No Twitter, Trump classificou o movimento como “manipulação cambial” e acrescentou: “você está ouvindo, Federal Reserve? Essa é uma grande violação que enfraquecerá consideravelmente a China ao longo do tempo!”.

“O recrudescimento das tensões nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos continua aumentando a aversão a risco nos mercados globais”, destacou a equipe da Coinvalores.

No cenário local, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que o Brasil deve permanecer neutro na guerra comercial, buscando que seus produtos agrícolas estejam no maior número possível de mercados.

Destaques – Vale caiu 3,85%, na esteira do forte recuo dos preços do minério de ferro na China, com os futuros na bolsa chinesa de Dalian e em Cingapura recuando abaixo de US$ 100 por tonelada. CSN perdeu 5,99%.

Petrobras PN recuou 3,66%, também afetada pelo recuo dos preços do petróleo no mercado externo.

Itaú Unibanco perdeu 1,37%, com o setor de bancos também sofrendo com o viés negativo decorrente do cenário externo desfavorável. Bradesco PN recuou 1,81%.
IRB Brasil ganhou 0,14%, antes da divulgação do resultado do segundo trimestre. Ela e Marfrig, que avançou 1%, foram as únicas altas do índice.

Dólar – O dólar encerrou com forte alta ante o real, no maior patamar desde maio, acompanhando o movimento da divisa no exterior, onde prevalecia a aversão ao risco após a China permitir que o iuan rompesse a marca de 7 por dólar.

O dólar avançou 1,68%, a R$ 3,9572 na venda, maior patamar de fechamento desde 30 de maio, quando a cotação foi a R$ 3,9790 na venda. Na máxima do pregão, a divisa norte-americana foi a R$ 3,9680 na venda e na mínima, tocou nível de R$ 3,8855 na venda. Na B3, o dólar futuro de maior liquidez subia 2,05%, a R$ 3,973.

“Mercados financeiros ao redor do globo exibiram um forte sentimento de aversão ao risco motivado pelos novos sinais de piora nas relações comerciais entre os Estados Unidos e a China, com o forte risco desta guerra comercial se estender para uma guerra cambial”, disse a equipe da corretora Correparti, em nota a clientes.

O índice do dólar – fortemente influenciado pelo movimento de divisas de outros mercados desenvolvidos, como euro e iene – mostrava queda de 0,54%.

Os índices acionários dos EUA todos encerraram com quedas de mais de 2% e registraram o maior declínio percentual diário do ano.

Internamente, o dia foi de noticiário tranquilo, com investidores atentos à retomada dos trabalhos no Congresso após o período de recesso parlamentar. A expectativa é que pautas econômicas, especialmente a votação em segundo turno da reforma da Previdência, ocorram ao longo desta semana.

No entanto, mesmo com potencial de noticiário positivo ligado à Previdência nos próximos dias, o câmbio local deve seguir à mercê do cenário externo, avaliou o economista-chefe do banco Haitong Brazil, Flávio Serrano. (Reuters)

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