Cervejaria Loba aposta em receita com lúpulo de Minas

10 de julho de 2018

A Cervejaria Loba, sediada no município de Santana dos Montes, na região Central, está experimentando receitas com lúpulo plantado em Minas Gerais. O objetivo da marca é testar e explorar o potencial do insumo, responsável por conservar e conferir amargor, aroma e sabor à cerveja, geralmente importado, cultivado em terras mineiras. A brassagem (processo inicial da produção da cerveja artesanal) foi realizada no último fim de semana e a bebida estará pronta para degustação em 21 dias. De acordo com o mestre cervejeiro da Loba, Kelvin Figueiredo, estão sendo produzidos, inicialmente, 500 litros de uma receita experimental. Batizada de Mantiqueira Experimental Beer, a cerveja terá na sua composição um lúpulo plantado a 30 quilômetros da propriedade, no município de Rio Espera. “Primeiramente, vamos testar a capacidade do lúpulo para utilização fabril. A ideia da Mantiqueira Experimental Beer não é seguir um parâmetro, mas oferecer uma inovação no mercado cervejeiro”, afirmou. Ainda conforme Figueiredo, espera-se como resultado uma cerveja escura de corpo médio, 3% de amargor e 4,5% de álcool. A bebida terá aroma frutado e de especiarias, com maltes que contribuam para sua complexidade. “Precisamos de ingredientes com capacidade e potencial para compor a receita e é isso que buscamos nesse lúpulo. Uma das características que mais prezamos é a originalidade, e com a Mantiqueira Experimental Beer não seria diferente. Assim como no estilo sauer utilizamos as uvas plantadas aqui na fazenda, pretendemos oferecer um estilo com lúpulo mineiro”, reiterou. Assim, após o período de 21 dias, a cerveja estará pronta para consumo e será analisada pelos profissionais envolvidos na produção. Caso o resultado seja satisfatório, o próximo passo será a comercialização. Custo-benefício – Com o experimento, o proprietário da cervejaria, Aloísio Rodrigues Pereira, pretende não somente buscar uma maior regionalização do seu produto, mas também diminuir os custos de produção. Segundo ele, atualmente, a empresa importa 17 tipos de lúpulos diferentes para a produção de 22 estilos de cervejas. “Sempre busco priorizar os insumos locais e regionais. Aqui mesmo na fazenda temos vinícolas para a produção do nosso vinho, alambique com uma extensa fabricação de cachaças, gado leiteiro, entre outras produções. O que não dispomos de produção própria, buscamos junto a parceiros regionais, e o lúpulo da Mantiqueira possivelmente será o próximo deles”, explicou. Em relação ao custo, Pereira afirmou que deve representar hoje cerca de 10% dos gastos de produção da marca. Embora o empresário admita que outros testes serão necessários, ele aposta no sucesso da receita. “Este é um marco para a Loba, para Minas Gerais e para o País. Alguns estudantes de engenharia química de Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete acompanharam a brassagem, e a ideia é que outras instituições de ensino do Estado nos auxiliem nos próximos passos e também desenvolvam pesquisas sobre a qualidade do lúpulo mineiro”, destacou, citando uma possível parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV). E os investimentos da Loba não param por aí. De acordo com Pereira, recentemente a cervejaria investiu cerca de R$ 2 milhões em uma nova área de envasamento das bebidas. Com os recursos, foi construído um novo galpão e adquirido um maquinário com capacidade para envasamento de 1.500 garrafas por hora. Hoje a fábrica produz de 30 mil a 40 mil litros de cerveja artesanal por mês e possui capacidade para fabricar 70 mil litros mensalmente. PRIMEIRA SAFRA FOI PLANTADA HÁ UM ANO O lúpulo utilizado na brassagem da Mantiqueira Experimental Beer da Cervejaria Loba foi plantado há um ano na Fazenda Fartura, localizada no município de Rio Espera, a 30 quilômetros de Santana dos Montes, na região Central. Segundo o produtor, Pedro Salim, esta é a primeira safra do Mantiqueira BRK2014 em solo mineiro. A espécie, nascida na Serra da Mantiqueira (SP), hoje é patenteada pela Heineken e já conta com aproximadamente 10 mil plantas em todo o Brasil. Na Fazenda Fartura, são mil mudas ou o equivalente a um hectare. “Até agora, colhemos 40 quilos e esperamos chegar a 200 quilos até dezembro”, revelou Salim. Além disso, o objetivo é aumentar a produção em cinco vezes até 2023. “É preciso investir para acompanhar a demanda do mercado. Estamos fazendo experiências com o lúpulo fresco, in natura, de forma a aproveitar da melhor maneira os óleos essenciais. Precisamos aproveitar que esse lúpulo é adaptado ao clima brasileiro e pode ser plantado em qualquer região”, justificou o produtor.

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