Cotação do ouro acumula escalada de 78% em 1 ano

24 de julho de 2020 às 0h18

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Crédito: Divulgação

Considerado um ativo seguro em períodos de crise, o ouro vem registrando altas significativas. Em um ano, o metal precioso já registrou valorização de 78%, com o grama passando de R$ 171,36 (em 25 de julho de 2019) para R$ 306,71 em 22 de julho de 2020.

A tendência, diante de tantas incertezas provocadas pela pandemia do Covid-19 e em relação aos rumos da economia, é de que o ouro continue valorizando, porém, o ritmo acelerado já passou e as altas devem ficar entre 20% e 40% até o final do ano. Mesmo que seja difícil, não está descartada a valorização de 100% nos preços na comparação dos números do final de 2019 com o fechamento de 2020.

De acordo com o analista de investimentos da Mirae Asset Wealth Pedro Galdi, em tempos de crise, a tendência é de valorização do ouro.

“O ouro costuma dar saltos de valorização em momentos de incerteza econômica, guerras e crises sanitárias, ou seja, tudo que acontece hoje justifica a continuidade de valorização, mas não tenho projeção. Acredito que ainda tenha espaço de valorização, mas a maior parte já foi”, disse.

O professor do Ibmec Gustavo Rodrigues Guimarães Andrade explica que a impulsão no valor do ouro de maneira bastante forte, primeiro, vem do risco gerado pelo Covid-19.

Com isso, os portfólios, como proteção, tendem a procurar ativos seguros nesses momentos, o que gerou uma pressão compradora forte em relação ao metal precioso. Ele argumenta que, em alguns determinados momentos, quando o cenário se agrava, a máxima que vale é o dinheiro líquido na conta e até mesmo o ouro foi vendido para gerar liquidez.

“Quando se encara a pandemia, em que nada é previsível, ou seja, não tem indicadores que mostram os efeitos na economia, isso acontece. Mas, a medida que começa a ter mais previsibilidade da economia e a aversão ao risco se ajusta e percebemos que as coisas não são tão ruins como esperado no primeiro momento, o risco melhora e as pessoas tendem a reduzir um pouco as posições em ouro para comprar ativos de risco. Foi isso que observei desde março até agora”, explicou.

Outro ponto crucial para a valorização do ouro são os juros baixos praticados no mundo inteiro. Andrade avalia que quando se tem esse movimento e junta-se a ele a liquidez extrema no mundo, com os bancos centrais imprimindo moeda para fazer política fiscal e monetária, isso acaba impulsionado ativos reais.

“Isso é pujante quando se fala do ouro. Por isso, a tendência é de valorização contínua do ouro, não só como proteção como aconteceu desde março com a pandemia, mas também por conta da liquidez mundial absurda a juros zero ou juros reais negativos. Essa é outra influência que impulsiona muito o valor”, disse Andrade.

Dólar – A força do dólar é outro ponto relevante, já que a moeda também funciona como proteção.

“Quando vemos um movimento de fluxo de perda de força do dólar mundialmente – acho que é o que está acontecendo -, isso acaba influenciando também o ouro. Então são três motivos bastante fortes para o avanço dos preços do ouro: comprar ouro como proteção, a liquidez mundial muito abusiva e o efeito do preço em relação ao dólar”.

Para Andrade, ainda tem espaço para novas valorizações do ouro. Mesmo com a cotação em alta, a tendência é de que o mercado continue andando para proteção de portfólios de longo prazo. Para ele, a valorização deve ficar em torno de 20% a 25% até o final do ano.

O gerente de operações sênior da Reserva Metais, Edson Magalhães, conta que, na virada do ano, o grama do ouro estava em torno de R$ 200 e, hoje, está acima de R$ 300, o que representa uma valorização maior que 50%.

“Temos um quadro bastante positivo para o ouro, não só até o momento, mas existe a tendência de que a valorização continue. A elevação dos preços vem ocorrendo pela demanda externa alta, principalmente, uma vez que a demanda doméstica para a parte industrial caiu muito. A demanda mundial está alta e todo o excedente do mercado local tem sido exportado”.

Ainda segundo Magalhães, a valorização tem como justificativa a pandemia, com os bancos centrais injetando liquidez na economia, o que vem aumentando a busca por ativos de segurança. Com isso, os valores do ouro e da prata estão em alta.

“A prata, assim como o ouro, também vem acumulando elevação, que está próxima a 40% ao longo deste ano. É uma valorização bem expressiva. A gente percebe que, após a injeção de liquidez, ainda teremos um delay em relação ao excesso de liquidez e a real valorização do ouro, por isso, a tendência é de alta. Acreditamos que ocorra uma valorização em torno de 30% a 40% até o final do ano. É difícil – mas não impossível -, mas o ouro pode ter uma valorização de até 100% em relação ao final de 2019”, disse Magalhães.

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