Demanda por plástico cria gargalo para fabricantes

17 de setembro de 2020 às 0h20

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CRÉDITO: DIVULGAÇÃO

Apesar de a demanda por plástico estar em alta, as indústrias do segmento não estão conseguindo suprir devidamente todo o mercado. Isso porque, de acordo com a presidente do Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de Minas Gerais (Simplast-MG), Ivana Braga, há pelo menos dois fatores que vêm impactando negativamente o setor: a escassez de matéria-prima e o aumento dos preços, que já acumulam alta de 30% este ano, segundo ela. E o quadro, alerta, pode ficar ainda pior.

Todo esse cenário, diz, está relacionado com o mercado internacional. Enquanto a China, por exemplo, requer cada vez mais material, diversas plantas pelo mundo reduziram a produção por causa da pandemia da Covid-19 e ainda não voltaram ao que eram antes. Com isso, há uma alta e crescente demanda, enquanto não se pode dizer o mesmo da oferta.

Outro ponto abordado por Ivana diz respeito ao fato de que, no Brasil, as resinas plásticas, como polietileno e polipropileno, são fornecidas somente pela Braskem, empresa nacional da área petroquímica. O fato de haver um único fornecedor, salienta, faz com que as indústrias fiquem sujeitas às suas políticas de preços e distribuição.

“Por outro lado, não há como repassar um aumento de 30% para os consumidores, ainda mais em um momento de pandemia”, destaca.

Alternativas – Se a situação já é preocupante por si só, há ainda mais um agravante, de acordo com a presidente do Simplast-MG,: não existe, praticamente, alternativas para lidar com tudo o que vem ocorrendo.

Se não é possível aumentar os preços para os consumidores, utilizar outro tipo de material também é desafiador. Ivana lembra que existem os recicláveis, mas eles, por já terem sido usados, são mais frágeis do que os que são totalmente novos. Além disso, diz ela, não podem ser aplicados em diversas ocasiões, como para material hospitalar ou para envase de alimentos.

Aliás, é justamente a indústria de alimentos uma das que mais têm sofrido com tudo isso, segundo Ivana. As embalagens plásticas, diz, ainda mais com a pandemia de Covid-19, têm sido muito úteis e seguras para envolver produtos comestíveis. Além disso, os pedidos por delivery aumentaram.

Mas pode ser que chegue um momento em que não se consiga vender alguns alimentos, afirma Ivana, pelo fato de não ter como embalá-los. “Usar outros materiais para isso, como papelão, que umedece, não é viável”, diz.

Porém, apesar de alguns setores serem mais atingidos do que os outros, o plástico é utilizado nos mais diferentes segmentos e vários podem ser afetados de alguma forma, ressalta. Ivana Braga conta, inclusive, que já existem até mesmo empresas que não estão podendo atender a alguns pedidos.

Braskem aponta aumento na demanda

Em nota, a Braskem afirmou que a alta da demanda pelos insumos da cadeia do plástico está ligada à retomada das atividades econômicas da indústria.

Além disso, em relação aos preços, a empresa afirmou que “em função da situação atual, com o impacto da pandemia, a Braskem vem praticando reajustes abaixo da paridade com os preços internacionais. Contudo, absorve em seus custos a totalidade da variação cambial”.

A Braskem ressalta ainda que, para auxiliar a cadeia, que foi muito afetada no começo da pandemia, a empresa “abriu uma linha de crédito de R$ 1 bilhão ao custo de 100% do CDI para ser usada na compra de resinas plásticas, soda cáustica, solventes e especialidades químicas”.

Em material enviado para a imprensa, a companhia também anunciou a retomada da taxa de utilização normal de suas centrais no País para atender a grande demanda por resinas termoplásticas de uma série de segmentos.

A Braskem afirma ainda que, em agosto, registrou recorde mensal de comercialização de resinas de polipropileno, polietileno e policloreto de vinila, ultrapassando 350 mil toneladas vendidas no Brasil.

“A Braskem tem como linha de atuação a prioridade no atendimento ao mercado interno, que já vinha se estabilizando, mas também segue atendendo amplamente as exportações”, diz o vice-presidente de Olefinas e Poliolefinas América do Sul, Edison Terra, em material enviado para a imprensa.

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