Governo estadual lança plano para a gastronomia

6 de julho de 2018 às 0h00

O Plano Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia (PEDG) lançado ontem, deixa a gastronomia mineira no centro de decisões do governo de modo a valorizar o setor por meio de uma política pública construída em conjunto por empresários do ramo, produtores e entidades públicas. São previstos investimentos de pelo menos R$ 37,9 milhões aplicados em 55 iniciativas de valorização da gastronomia mineira. Além disso, o Estado também vai investir, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig/Codemge), R$ 50 milhões no programa Minas de Todas Artes, que tem na gastronomia um de seus carros-chefes. Deste total, já foram feitos aportes de R$ 20 milhões em ações para fomentar o setor. Na prática, o que muda é centralização da gestão, monitoramento e integração no setor, permitindo o fomento da economia por meio da geração de novos negócios e tornando Minas um polo gastronômico nacional e internacional. Simultaneamente ao lançamento do PEDG, também foi inaugurada oficialmente a Casa da Gastronomia – Espaço Mineiraria, novo equipamento cultural da Capital localizado no Barro Preto, que também tem o objetivo de valorizar a gastronomia do Estado por meio de eventos, atividades e capacitação. Coordenado pela Codemig, o espaço será administrado pela iniciativa privada, selecionada por meio de uma licitação. O evento também marca o Dia da Gastronomia Mineira, celebrado em 5 de junho. Já atuante mesmo antes de sua inauguração oficial, a Mineiraria, agora oficialmente constituída como espaço físico aberto ao público, também marca presença pelo País, levando os produtos daqui a eventos nacionais e dando visibilidade à culinária do Estado. É o caso do produtor de café Lucas Goulart, da Fazenda Itaoca – Estate Coffee, de Conceição do Rio Verde, no Sul de Minas. “A Mineiraria monta estandes com os produtos mineiros em diversos eventos para divulgar a nossa gastronomia. Mês passado, por exemplo, estivemos em Porto Alegre e eu já fechei com dois clientes que irão revender nossos produtos lá. Então, isso nos ajuda a crescer também, a fechar novos negócios”, endossa. Segundo o governador Fernando Pimentel, a percepção de que a culinária mineira é o ponto forte do Estado aconteceu já há três anos, durante as pesquisas para definir ações para o setor. “Nós perguntamos para os entrevistados sobre quando falamos em Minas, do que inicialmente eles se lembravam, e as respostas foram unânimes: a comida mineira. Não usar isso a favor do desenvolvimento do Estado, seria burrice”, comentou, na solenidade de lançamento do PEDG, ressaltando que, com isso, toda a cadeia produtiva por trás da comida mineira é afetada. Potencial – E os dados mostram que o potencial gastronômico da região, de fato, já vem sendo construído há algum tempo. Segundo a Secretaria de Estado de Turismo, são realizados 154 eventos gastronômicos em Minas. Além disso, Estado abriga 390 mil agricultores familiares e 105.600 negócios no setor de alimentação fora do lar, empregando 630 mil pessoas, segundo a Abrasel-MG e o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Minas também é conhecida como o maior estado produtor de café do País (56% do total nacional) e também possui a maior bacia leiteira (26% do total), de acordo com o IBGE. Não por acaso, em 2016, 30,3% das exportações mineiras foram de produtos agropecuários, e em 2014, a indústria de alimentos e bebidas respondia por quase 20% do valor bruto da produção industrial mineira. Os últimos dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e da Fiemg. A criação do PEDG é a primeira de cinco linhas de ações do programa + Gastronomia, um desdobramento a Política Estadual de Desenvolvimento da Gastronomia de Minas Gerais. A partir do plano, as ações em seguida são o Fortalecimento Institucional da Cadeia Produtiva, Inovação e Pesquisa, Gastronomia Social e Cultura Alimentar, e a Promoção, Divulgação e Internacionalização da Gastronomia Mineira. Tipo exportação – Impossível falar de comida mineira sem lembrar do queijo de Minas, produto já reconhecido internacionalmente. Os queijos feitos no Estado conquistaram 11 prêmios no Salão Internacional do Queijo da França no ano passado, se destacando entre mais de 700 produtores de 20 países. Outras iguarias feitas aqui também seguem o mesmo caminho, sendo expostas e degustadas em feiras e eventos pelo mundo, como a cachaça, o pão de queijo, os doces e o café. EFEITOS SERÃO SENTIDOS EM OUTROS SETORES Outros setores também irão sentir os reflexos da priorização institucional da gastronomia, como a cultura e o turismo. É o que explica o secretário de Turismo de Minas e coordenador do programa +Gastronomia, Gustavo Arrais. “A gastronomia permeia todos os tipos de turismo como o de lazer, o de bem-estar, o de aventura. Antes, a alimentação era importante, mas não era tão vista como cultura. Hoje nós não estamos falando só de comer, estamos falando de tudo o que envolve isso, o cenário de um fogão a lenha, por exemplo, um violeiro tocando ao fundo, a preparação do prato. A valorização destes processos foi crescendo dentro de Minas, assim como a busca pelo conhecimento sobre o que está se consumindo. Dessa forma, pegamos produtos mineiros já conhecidos e os tornamos reconhecidos produtos turísticos”, conta. Arrais também entende que o espaço Mineiraria gera uma referência para o Estado. “Não se pode ser referência em determinado produto, como por exemplo, a moda, e não ter um museu da moda. Precisamos contar essa história, como chegamos até aqui como gastronomia mineira, como foi montada esta cultura, como isso aconteceu. Quando você vai ao Japão você vai querer conhecer o museu do sushi, como nasceu, como foi criado, a tradição. Como turista, você vai querer ir ver como se faz o vinho na França, como se extrai o suco da uva, como se embala. Isso também acontece com Minas e o espaço vai ajudar a fomentar o turismo”, conclui.

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