Diante das incertezas nos cenários político e econômico do País, agravadas pela paralisação nacional dos caminhoneiros, os belo-horizontinos estão menos dispostos a comprar. De acordo com dados da pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da Capital, divulgada ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), o índice registrou a terceira queda consecutiva em junho, com 72,5 pontos frente aos 81,9 pontos registrados em maio. Na avaliação do economista da federação, Guilherme Almeida, essa insegurança afeta a percepção das famílias, principalmente quanto às decisões de compra no longo prazo. A falta de certeza em relação aos cenários para os próximos meses e para o próximo ano é um fator negativo na decisão de consumo e, junto com as perspectivas de emprego, que também estão deterioradas, fazem com que o resultado seja ainda mais negativo. “Além da incerteza sobre a velocidade da recuperação econômica, temos ainda um cenário eleitoral no próximo trimestre, o que tende a influenciar nas percepções das famílias, principalmente no que diz respeito ao consumo”, afirmou Almeida. O indicador se manteve no nível de insatisfação, abaixo dos 100 pontos, e a trajetória decrescente desde abril revela cautela por parte dos consumidores. Almeida ressalta que a percepção já era negativa desde o início do ano, apresentando algumas melhoras, e que o período de outubro de 2017 a março de 2018 registrou sucessivas recuperações, pautadas principalmente em indicadores macroeconômicos como inflação e juros, que são dois pilares para as decisões de consumo familiar. “Começamos a observar quedas a partir de março e, em maio, tivemos o fator da greve dos caminhoneiros, que deteriorou ainda mais o cenário para as famílias, principalmente porque elas sentiram os efeitos no momento, com preços altos de bens de primeira necessidade como alimentação e combustíveis”, explicou o economista da Fecomércio-MG. Emprego – Em junho, todos os sete subitens que compõem o ICF apresentaram retração. O principal destaque negativo foi a perspectiva de consumo, que registrou 73,9 pontos, contra os 89,5 apurados no mês anterior. Outra queda relevante foi a do índice de emprego atual, que passou de 102,1 em maio para 89,3 em junho. “A avaliação atual do emprego está ainda mais deteriorada e essa percepção vem sendo influenciada pelos indicadores do próprio mercado, com o aumento da taxa de desemprego. O que tem acontecido é o aumento do emprego via informalidade. A qualidade do emprego e as condições oferecidas pelas vagas geradas também são questionadas pelas famílias e faz parte dessa impressão negativa”, destacou Almeida.