Privatização da Eletrobras pode envolver oferta secundária

5 de novembro de 2019 às 15h48

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Crédito: REUTERS/Pilar Olivares

O projeto do governo federal para a privatização da Eletrobras prevê a emissão de novas ações para capitalizar a companhia e diluir a fatia da União na empresa, mas pode envolver também uma oferta adicional, secundária, disse nesta terça-feira (5) a secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira.

Segundo ela, essa possibilidade está prevista em projeto de lei sobre a desestatização que, de acordo com a Eletrobras, deve ser assinado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira para então ser enviado ao Congresso Nacional.

Prevista para o segundo semestre de 2020, a capitalização da companhia deverá gerar recursos para que a Eletrobras pague ao Tesouro R$ 16,2 bilhões a título de bônus de outorga, em troca da renovação em condições mais vantajosas dos contratos de uma série de hidrelétricas antigas.

Mas a oferta de ações da empresa será maior, para levantar recursos também para abater encargos setoriais que pesam sobre a conta de luz e financiar investimentos na revitalização do rio São Francisco, no Nordeste, disse Marisete a jornalistas em coletiva de imprensa na sede do ministério.

Segundo ela, o pagamento à União representará cerca de dois terços do benefício econômico estimado para a Eletrobras com a mudança contratual nas hidrelétricas, que hoje vendem a produção a preços regulados e abaixo de mercado.

Com isso, a oferta de ações na capitalização da Eletrobras deverá envolver um total de cerca de 24 bilhões de reais, embora a secretária tenha ressaltado que esse não é o valor exato, porque alguns custos serão trazidos a valor presente na hora da definição do montante.

“Esse é o primeiro movimento que será feito. Agora, se o mercado tiver apetite, a emissão pode ser superior a esse montante. Tudo vai depender do momento em que se fará a emissão e obviamente das premissas para o cálculo”, disse a secretária-executiva.

Ela acrescentou ainda que o projeto de lei incluirá a possibilidade de uma oferta secundária de ações, na qual União, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e “outros entes” poderiam também colocar papéis à venda “num segundo momento”.

A União possui atualmente 40,99% do capital social da Eletrobras, mas com 51% das ações ordinárias, com direito a voto.

O BNDES tem 5,51% do capital, enquanto o braço de participações do banco estatal, BNDESPar, tem 10,48%.

Mas o projeto de lei da desestatização vai prever que nenhum dos acionistas da estatal poderá ter mais de 10% dos votos, nem mesmo a União, afirmou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

“Ela vai se tornar uma corporação, onde nenhum acionista terá mais que 10% de poder de voto. Inclusive a União, que provavelmente terá mais que 10%, mas terá 10% de votos”, afirmou.

O projeto também deverá prever uma cisão de ativos da Eletrobras que continuarão sob controle estatal, como as usinas nucleares de Angra 1, 2 e 3 e a hidrelétrica binacional de Itaipu.

(Reuters)

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