Produção nacional de aço bruto cai 2,4% no trimestre

27 de abril de 2022 às 0h29

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Crédito: Sean Gallup/Getty Images

O Instituto Aço Brasil divulgou nesta terça (26) o desempenho do setor no primeiro trimestre do ano. No compilado dos meses, a produção de aço bruto no País foi 8,4 milhões de toneladas, uma performance que indica queda de 2,4% quando comparado a janeiro e março de 2021. O recuo não deixa, neste momento, lastros de pessimismo, que mantém previsões de crescimento de 2,2% para o ano. A preocupação, no entanto, está na situação da guerra na Ucrânia, que, segundo a entidade, tem gerado uma crise energética que afeta diretamente o setor.

A previsão de crescimento do Aço Brasil segue a mesma projeção feita no último dezembro. Caso a alta seja alcançada, a produção nacional do aço representará um volume de cerca de 36,9 milhões de toneladas no ano. Em meio ao recuo no indicador da produção e que pode ser explicado pela base elevada de 2021, apenas as exportações tiveram resultados positivos no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, sendo que as mesmas cresceram 28% em volume (3,4 milhões de toneladas) e 60,8% em valores (US$ 2,8 bilhões). Vale ressaltar, porém, que os números podem ser atualizados já que as operações de março são registradas com embarque antecipado e podem sofrer alterações.

De acordo com o presidente executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, o mercado do aço passa, desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, por variações intensas. Ele aponta, por exemplo, que, no início, a crise sanitária e o isolamento social resultaram, com efeitos mais agudos em abril daquele ano, em uma queda na demanda pelos produtos da cadeia do aço, seguidos por um aumento nos preços das commodities

Ainda que o cenário inflacionário global se mantenha elevado, Lopes pondera que não há falta de oferta no Brasil. Pelo contrário, o gargalo está na demanda: “o setor deve operar acima de 80% do grau de utilização de capacidade instalada. Hoje, nós estamos em 69,4%, abaixo daquilo que é necessário para trazer os resultados esperados. O que falta é mercado e o grau de ociosidade mostra isso”, afirmou. 

Crise energética

Atualmente, além dos preços dos principais produtos que abastecem a cadeia do aço, a guerra deflagrada na Ucrânia, que já dura mais de dois meses, contribui para que o setor considere que existe uma crise energética instalada. Somente nos últimos meses, o carvão mineral teve uma valorização de 300%, sendo que o mesmo representa, ainda segundo o Aço Brasil, entre 40% e 50% da energia consumida nas indústrias. Após o início do conflito no leste europeu, o ferro-gusa também está no centro de uma escalada de preços, com altas que chegam a 220%. 

As sanções contra a Rússia, país que contribui com uma parcela significativa do carvão mineral produzido em todo o mundo, são alguns dos fatores que explicam o aumento seguido nos preços de insumos energéticos. Em meio aos desafios, o presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil, Marcos Faraco, afirmou que é preciso discutir o crescimento da indústria brasileira para construir o futuro, principalmente porque a transição energética necessária tem o início no setor, o que se soma, ainda, ao fato de a indústria abastecer importantes segmentos, como é o caso do militar e de energias renováveis. 

Mercado interno

Nesse sentido de fortalecer o mercado e buscar alternativas para contornar o cenário atual, Faraco afirma que a indústria investe no mercado interno. Somente este ano, o Aço Brasil projeta investimentos de R$ 11,9 bilhões no País. No entanto, a entidade afirma que é necessário proteger a indústria nacional no sentido de não absorver produtos de países que baixam o preço substancialmente e enfraquecem a competitividade de empresas brasileiras. 

“O setor está aumentando a sua aposta no mercado brasileiro. As empresas estão modernizando instalações, trabalhando a indústria 4.0 e, para isso, precisamos de demanda. Nós tivemos uma utilização aquém da necessária. A indústria brasileira segue comprometida com o País, e as autoridades precisam entender e não permitir que o Brasil seja destinatário do desvio do comércio internacional, uma vez que esse desvio é feito por subsídios e com preços marginais que destroem o nosso mercado”, complementou Faraco.

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