Dólar fecha setembro acima do patamar de R$ 4
1 de outubro de 2019 às 0h03
São Paulo – O dólar fechou perto da estabilidade ontem, última sessão de setembro, mês em que teve alta moderada em meio a intervenções do Banco Central, cortes de juros aqui e no exterior e persistentes receios sobre a economia global e a guerra tarifária entre Estados Unidos e China.
Em setembro, o dólar subiu 0,32%. A alta moderada, contudo, vem na sequência de uma disparada de mais de 8% em agosto, o que indica que o mercado não teve força para ajustar a moeda para baixo, num sinal de que o nível de R$ 4 parece ser um novo patamar de equilíbrio de curto prazo.
Em mais uma evidência disso, setembro de 2019 foi o primeiro mês na história da moeda em que o dólar fechou acima de R$ 4 em todas as sessões, oscilando entre mínima de R$ 4,0599 na venda e máxima de R$ 4,1834.
Ontem, último pregão do mês, a moeda teve oscilação positiva de 0,05%, a R$ 4,1555 na venda.
No terceiro trimestre, a cotação saltou 8,19%, maior alta para o período desde 2015, quando disparou mais de 33%. Os ganhos do dólar entre julho e setembro foram construídos quase que apenas no mês de agosto, quando o dólar subiu 8,51%.
No acumulado de 2019, o dólar sobe 7,24%.
O fortalecimento do dólar não tem sido exclusivo contra o real. No exterior, um índice que mede o desempenho da moeda contra uma cesta de importantes divisas bateu nesta segunda-feira o maior nível desde maio de 2017, amparado por fluxos típicos de fim de mês e trimestre, mas também pela maior atratividade do dólar conforme a economia dos EUA tem desempenho relativo melhor em relação a seus pares.
Mas o real tem sido especialmente afetado por uma combinação de queda de diferenciais de juros a mínimas recordes e às incertezas sobre o ritmo da economia, que acabam atrasando a volta do fluxo cambial ao país.
“Esperamos que o real continue atrás de seus pares emergentes conforme o Banco Central continua como um dos BCs emergentes mais agressivos no afrouxamento monetário”, disseram analistas do Morgan Stanley em nota a clientes.
“E sem a ajuda do crescimento, será difícil ver uma recuperação sustentada da moeda, em particular porque os preços agora parecem menos atrativos”, completaram.
O BC tem tentado conter a volatilidade no mercado de câmbio via ofertas de dólar no mercado à vista, operações que serão retomadas a partir de hoje. Mesmo com o dólar acima de R$ 4, a expectativa de vaivém nos preços diminuiu.
A volatilidade implícita nas opções de dólar/real para três meses caiu ontem a 11,89% ao ano, abaixo dos picos do mês, acima de 13%. (Reuters)
Ibovespa encerra o mês no negativo
São Paulo – O principal índice da bolsa paulista gravitou em torno da estabilidade durante a maior parte da sessão de ontem, com investidores adotando cautela diante das negociações comerciais entre EUA e China e ainda acompanhando o andamento das reformas no front doméstico.
O Ibovespa caiu 0,32%, a 104.745,32 pontos. A exemplo das últimas sessões, o giro financeiro foi discreto, com apenas R$ 13,084 bilhões.
Em setembro, o índice avançou 3,57%, o que garantiu o quinto trimestre seguido de alta, ganhando 3,74%.
No fim de semana, a China afirmou que o vice-premiê, Liu He, vai liderar a delegação chinesa nas negociações nos EUA na próxima semana, enquanto o assessor comercial da Casa Branca chamou de fake news notícias de que o governo dos EUA considerava deslistar empresas chinesas das bolsas norte-americanas.
“Investidores seguem na expectativa para uma nova rodada de negociações entre os países, marcada para 10 de outubro”, destacou a equipe da Ágora Investimentos em nota a clientes.
Agentes do mercado norte-americano não se abalaram pelas notícias de que o presidente dos EUA, Donald Trump, estava pensando em deslistar ações de empresas da China de bolsas nos EUA. Ajudando ainda mais o sentimento, o assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, negou as afirmativas das notícias.
O S&P 500 avançou 0,5% na sessão.
No Brasil, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que a votação em primeiro turno da reforma da Previdência no plenário do Senado deve ocorrer nesta terça-feira depois de ser aprovada pela CCJ da Casa.
Segundo a pesquisa Focus do Banco Central, a expectativa do mercado para a taxa Selic no fim de 2019 foi reduzida a 4,75%. Para 2020, a expectativa geral para a Selic seguiu em 5%, mas o Top-5 cortou mais a previsão, de 4,75% para 4,5%.
Destaques – Banco do Brasil subiu 0,33%, destoando do setor. Itaú Unibanco cedeu 1,41%, Bradesco caiu 1,68% e Santander recuou 1,09%.
CSN ON perdeu 1,12%, em dia mais fraco para siderúrgicas. Usiminas PNA perdeu 2,38%. Gerdau PN, porém, avançou 1%. O conselho da companhia autorizou a contratação de um ‘Credit Agreement’ de até US$ 800 milhões. Ainda no setor, Vale ON subiu 0,19%.
Petrobras PN recuou 0,40%, acompanhando o declínio dos preços do petróleo no mercado externo. (Reuters)