Desafios e oportunidades para comércio exterior

5 de janeiro de 2021 às 0h11

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Comércio exterior | Crédito: Pexels

Claus Malamud *

O número de importações no Brasil caiu, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Segundo dados, houve uma forte queda na comparação entre o terceiro trimestre de 2020 e o trimestre anterior. E o que esse número significa? Significa que o país está crescendo pouco, e não está precisando de produtos importados para produzir. Quando a economia está em crescimento, o empresário investe em compras no exterior e isso não é ruim, como pode parecer para a maioria das pessoas.

Como em qualquer situação dentro de uma empresa, temos sempre que ponderar na hora de escolher entre realizar compras nacionais ou internacionais. É uma questão de benefício versus desafio: não existe uma predileção por compras internacionais ou locais, o importante é ser viável e haver lucro. Então, se uma empresa verifica que o preço internacional está 30% mais barato do que no mercado local, vale a pena importar para obter um lucro maior. 

Mas, quais os desafios que enfrentamos ao importar? É necessário verificar a viabilidade de um produto; fazer um planejamento de acordo com a produção, tempo de transporte e de venda desse produto na gôndola; e ter uma assessoria competente, que consiga auxiliar no processo de importação, que é burocrático e metódico. O leva muitos dias para desembaraçar uma carga, pois há muita questão que é colocada na parte de interpretação de um fiscal, o que leva a uma ineficiência do setor, pois tudo que depende de interpretação, leva mais tempo. O nosso país é, ainda, muito fechado, e considerado um dos cem piores do mundo com relação à burocratização.

Mas dito tudo isso, por que devo importar? Você consegue ter acesso a produtos que não estão disponíveis no mercado nacional; dependendo do tipo de atividade, dá para ter um lucro maior do que trabalhando com compras nacionais; e é possível personalizar o produto, fazer uma embalagem diferente, ter um diferencial que não conseguiria se dependesse de fornecedores brasileiros.

Há mais de dezenove anos eu importo da China, e vou explicar o porquê: A China, hoje, é o maior produtor mundial de muitos produtos acabados e, querendo ou não, lá está instalada a indústria com maior tecnologia do mundo. A viabilidade dos produtos fabricados no gigante asiático – devido ao fato de terem uma cadeia produtiva já bem desenvolvida – é grande, além de uma grande variedade e preços mais competitivos que em outros países. 

Mas a China é um bom negócio para as PMEs? Sim, para pequenas e médias, é possível realizar importações de pequeno porte, utilizando, inclusive, um sistema que o próprio Correio oferece de importação simplificada, por exemplo. Para médias e grandes empresas é possível desenvolver a sua marca e ter diferenciais competitivos que não são possíveis no Brasil devido a questões tributárias, trabalhistas e de toda a engrenagem que não favorece a grandes empresas a investirem em recursos. 

E o que o Brasil precisa fazer para facilitar o acesso ao mercado internacional? O governo precisa tornar o sistema mais claro para as pessoas, simplificando o processo. Estados e municípios precisam andar junto com a economia, com os empresários, pois são esses que dão emprego. É necessário que esses setores andem juntos, propiciando que empresas tenham um crédito melhor para fazer essa importação.

Na hora de importar, é preciso, ainda, levar em conta os seguintes aspectos: Custos Associados: País de origem (vantagens tecnológicas, mão de obra, qualidade, etc…), flutuações da moeda, taxas de importação, cobertura de maior de estoque e transporte; e Questões gerenciais: Controle de qualidade, relacionamento com o fornecedor, tempo de resposta, preferência do consumidor pelo produto nacional e mínimos de produção.

* Mentor de mercados asiáticos na Link, escola de negócios da XP Investimentos. E-mail: contato@mrchinaimports.com.br

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