Rússia é alvo de novas sanções

12 de março de 2022 às 0h26

img
Biden pediu ao G7 a revogação de status comercial da Rússia | Crédito: REUTERS/Evelyn Hockstein

Washington – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, lançou um novo ataque à economia da Rússia na sexta-feira (11) em razão da invasão da Ucrânia, juntando-se a aliados para atingir Moscou por meio do comércio e fechar fundos de desenvolvimento, além de anunciar a proibição de importações de frutos do mar, vodka e diamantes russos.

Biden, em embate com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que as medidas, coletivamente, darão “outro golpe esmagador” na economia russa, já sobrecarregada por sanções globais que destruíram o valor do rublo e forçaram o mercado de ações local a fechar.

Junto com outros líderes do G7, Biden pediu a revogação do status comercial de “Nação mais Favorecida” dado à Rússia, o que permitiria que os países do grupo aumentassem tarifas e estabelecessem cotas para os produtos russos. O Congresso dos EUA precisaria aprovar uma legislação para revogar o status comercial, e parlamentares recentemente têm se movido nessa direção.

“Continuamos decididos a isolar ainda mais a Rússia de nossas economias e do sistema financeiro internacional”, disse o G7 em comunicado.

O comércio representou cerca de 46% da economia da Rússia em 2020, grande parte desse total ligada às exportações de energia das quais os países europeus dependem para aquecimento e eletricidade, o que deixa claro o quanto essas decisões afetarão Moscou profundamente.

As medidas já causaram o colapso da economia local, e o FMI agora prevê que o país mergulhará em uma “profunda recessão” este ano. Na quinta-feira (10), Moscou proibiu a exportação de equipamentos médicos, automotivos, agrícolas, elétricos, tecnológicos e de telecomunicações, bem como alguns produtos florestais, em retaliação.

UE – A União Europeia suspenderá o tratamento comercial e econômico privilegiado de Moscou, reprimirá o uso de criptoativos e proibirá exportações de bens de luxo do bloco para a Rússia e a importação de produtos de ferro e aço, disse a presidente da Comissão Europeia na sexta-feira.

As novas medidas, coordenadas com os Estados Unidos e outros aliados do G7, equivalem a um quarto conjunto de sanções contra Moscou por sua invasão à Ucrânia no mês passado.

“Amanhã, tomaremos um quarto pacote de medidas para isolar ainda mais a Rússia e drenar os recursos que ela usa para financiar essa guerra bárbara”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Junto com outros aliados ocidentais, que incluem os EUA, o bloco revogará o status comercial de “Nação mais Favorecida” dado à Rússia. Isso abre a porta para o bloco proibir ou impor tarifas punitivas sobre produtos russos e colocar o país no mesmo patamar que a Coreia do Norte ou o Irã.

Como primeiro passo, a UE proibirá as importações de bens do setor siderúrgico.

Von der Leyen disse, em um comunicado, que a UE está atuando para suspender os direitos da Rússia nas principais instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, assegurando que o país não possa acessar crédito nessas entidades.

O principal diplomata do bloco, Josep Borrell, acrescentou mais tarde que estava apresentando propostas para incluir mais oligarcas, empresários e empresas russos na lista de restrições da UE.

A União Europeia especificamente proibirá exportações para a Rússia de bens de luxo do bloco, o que foi concebido como um golpe contra as elites russas.

Por fim, a UE proibirá novos investimentos europeus no setor de energia da Rússia.  

Produtores de neônio estão paralisados

Washington – Os dois principais fornecedores de neônio da Ucrânia, que produzem cerca de metade do suprimento mundial do principal ingrediente para a fabricação de chips, interromperam suas operações por causa dos ataques russos, ameaçando aumentar os preços e agravar a escassez de semicondutores.

Cerca de 45% a 54% do neônio de grau semicondutor do mundo, essencial para os lasers usados na fabricação de chips, vem de duas empresas ucranianas, Ingas e Cryoin, de acordo com cálculos da Reuters com base em números das empresas e da empresa de pesquisa de mercado Techcet. O consumo global de neônio para produção de chips atingiu cerca de 540 toneladas no ano passado, estima a Techcet.

Ambas as empresas fecharam suas operações, de acordo com representantes contatados pela Reuters.

“Se os estoques se esgotarem em abril e os fabricantes de chips não tiverem pedidos acertados em outras regiões do mundo, isso provavelmente significará mais restrições para a cadeia de suprimentos mais ampla e incapacidade de fabricar o produto final para muitos clientes importantes”, disse o analista da CFRA, Angelo Zino.

Antes da invasão, a Ingas, com unidade na cidade sitiada de Mariupol, produzia de 15.000 a 20.000 metros cúbicos de neônio por mês para clientes em Taiwan, Coreia, China, Estados Unidos e Alemanha, com cerca de 75% indo para a indústria de chips, disse o diretor comercial da empresa, Nikolay Avdzhy, em um e-mail para a Reuters.

A Cryoin, que produz cerca de 10.000 a 15.000 metros cúbicos de neônio por mês, e está localizada em Odessa, interrompeu as operações em 24 de fevereiro, quando os ataques começaram a manter os funcionários inseguros, de acordo com a diretora de Desenvolvimento de Negócios, Larissa Bondarenko.

O neônio ucraniano é um subproduto da fabricação de aço russa. O gás, que também é usado em cirurgia ocular a laser, também é produzido na China, mas os preços chineses estão subindo constantemente.

Bondarenko diz que os preços, já pressionados após a pandemia, subiram até 500% em relação a dezembro. De acordo com uma reportagem da mídia chinesa que citou o provedor de informações do mercado de commodities chinês biiinfo.com, o preço do gás neônio na China quadruplicou de 400 iuanes/metro cúbico em outubro do ano passado para mais de 1.600 iuanes/metro cúbico em final de fevereiro.

Kremlin faz críticas ao Ocidente

Londres – O Kremlin disse na sexta-feira (11) que o conflito na Ucrânia terminará quando o Ocidente tomar providências em relação às preocupações manifestadas repetidamente pela Rússia com relação à matança de civis no leste da Ucrânia e com a ampliação da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para o leste.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, perguntado por repórteres como a crise poderia terminar, expôs a posição da Rússia e disse que acreditava que a Ucrânia estava discutindo as exigências de Moscou com os Estados Unidos e outros aliados.

“A Rússia formulou exigências concretas à Ucrânia para resolver essas questões. Tanto quanto sabemos, essas demandas estão sendo discutidas pelos ucranianos com seus assessores, principalmente os Estados Unidos e os países da União Europeia”, disse ele

“Tenhamos esperança. Isso precisa ser feito. Então tudo terminará”, disse Peskov.

As autoridades russas não usam a palavra “invasão” e dizem que os meios de comunicação ocidentais falharam em relatar o que classificam como o “genocídio” de pessoas de língua russa no leste da Ucrânia. O Ocidente tem repetidamente descartado tais preocupações.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, diz que a “operação militar especial” na Ucrânia é essencial para garantir a segurança russa depois que os Estados Unidos ampliaram a adesão à Otan até as fronteiras da Rússia e apoiaram os líderes pró-ocidentais em Kiev.

A Ucrânia diz que luta por sua existência enquanto os Estados Unidos e seus aliados europeus e asiáticos condenaram a invasão russa. A China pediu calma.

“Nos últimos oito anos, temos repetidamente tentado pedir a nossos colegas ocidentais que pressionem Kiev –e forcem Kiev– a parar de matar seu povo em Donbass e cumprir os acordos de Minsk”, disse Peskov.

“Também, durante as últimas décadas, nosso país tem repetidamente levantado a questão de como nos sentimos em perigo depois que vocês moveram sua estrutura militar em nossa direção. Não gostamos disso e nos sentimos em perigo e não podemos fechar os olhos para isso: então por que vocês estão fazendo isso? Não houve respostas”, disse.

“Precisamos encontrar uma solução para estas duas perguntas. A Rússia formulou exigências concretas à Ucrânia para resolver essas questões”, disse.

Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail