Estudo mapeia negócios na região de Mata Atlântica

13 de janeiro de 2021 às 0h15

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Crédito: Reprodução

A maioria dos negócios de impacto socioambiental positivo – aqueles que, além de gerar receita, também proporcionam impacto positivo para a sociedade e para a conservação da natureza – que existe na região da Grande Reserva Mata Atlântica (o maior remanescente do bioma nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina) é baseada em um modelo de venda direta ao consumidor (B2C) e possui menos de cinco anos de existência. Esses são alguns dos resultados do 1º Mapa de Empreendedorismo Sustentável na Grande Reserva Mata Atlântica, iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza para diagnosticar o cenário de empreendedorismo sustentável e alavancar negócios que beneficiem a biodiversidade local.

“O raio-x da Grande Reserva mostrou que há um ambiente rico e plural de negócios de impacto na região. A proximidade com um dos biomas mais biodiversos do planeta despertou uma criatividade empreendedora que tem grande capacidade de transformação social, ambiental e econômica e, inclusive, pode ser replicada em outras partes do país. O Mapa de Empreendedorismo Sustentável será uma importante ferramenta para desenvolver ainda mais esses negócios e atrair investidores para a região”, explica a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes.

Durante os meses de junho e julho de 2020, em parceria com a Pipe.Social, que possui uma plataforma que conecta negócios com quem investe e fomenta o ecossistema de impacto no Brasil, foram mapeados 177 startups, empreendimentos, organizações da sociedade civil e protótipos com modelos de negócio sustentáveis, que geram impacto ou com potencial de gerar impacto em um dos 46 municípios da Grande Reserva Mata Atlântica. 

Foram identificados negócios com cadeias de valor nas seguintes áreas: turismo sustentável; cadeias produtivas da biodiversidade; fortalecimento de áreas protegidas; conservação de ecossistemas e da biodiversidade; sustentabilidade marinha; agropecuária sustentável; produtos e serviços sustentáveis; tecnologias para a conservação da natureza; e educação/comunicação para a conservação.

A Grande Reserva Mata Atlântica abrange área terrestre de 1,8 milhão de hectares, onde a Fundação Grupo Boticário atua há cerca de 30 anos, desde que adquiriu a Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba (PR). Trata-se de uma unidade de conservação particular que contribui com a proteção da biodiversidade e com o fortalecimento da economia local, especialmente por meio do turismo.

A Fundação tem multiplicado suas ações na Grande Reserva, lançando iniciativas que buscam desenvolver negócios de impacto socioambiental positivo na região. Entre elas, estão o Natureza Empreendedora, um programa de aceleração de negócios atuantes nos municípios da Grande Reserva, e o Conservathon, maratona de ideação para o desenvolvimento de ideias que solucionem desafios específicos do contínuo de Mata Atlântica. Ambas as ações estão em andamento.

“Por estar localizada a poucos quilômetros de dois dos maiores centros urbanos do País, São Paulo e Curitiba, a Grande Reserva tem importante potencial socioeconômico, sendo o berço ideal para o nascimento de uma nova economia impulsionada pela conservação da natureza. Com o Mapa de Empreendedorismo Sustentável, os potenciais protagonistas dessa nova economia são revelados, uma vez que ele identifica os principais atores de impacto e de inovação na região”, explica o coordenador de Negócios e Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, Guilherme Karam.

Perfil – Entre os negócios mapeados, 39% estão localizados em São Paulo, 32% no Paraná e 10% em Santa Catarina. O restante tem sede em outras localidades, mas com atuação na Grande Reserva.

Em relação à idade dos negócios, 53% têm menos de cinco anos e ainda estão na fase inicial de desenvolvimento. De acordo com o levantamento, 71% deles encontram-se no chamado “vale da morte”, entre as fases de ideação e organização do negócio. “Empreendimentos neste estágio ainda estão muito frágeis e suscetíveis ao fracasso. É neste momento que eles precisam de foco, planejamento, orientação e até investimento externo para que se estabeleçam e avancem. Quanto mais negócios maduros e com modelo que contribui para a proteção do meio ambiente existirem, mais chances temos de gerar desenvolvimento, lucro e empregos a partir da conservação da natureza”, pondera Karam.

Pelo fato de a maioria dos negócios ser early stage (em fase inicial de desenvolvimento), 59% nunca foram acelerados ou incubados, mas buscam essa oportunidade. Embora a maioria dos empreendedores busque formas de alavancar seus negócios, 47% ainda não têm a intenção de captar dinheiro externo. Apenas 38% estão atualmente participando de rodadas de captação.

Entre os negócios que já captaram recursos, as doações são o principal meio (30%), seguida pelos empréstimos (13%), equity (9%) e dívida conversível (2%). Outros 9% não responderam e 43% afirmaram nunca ter recebido qualquer tipo de financiamento, seja de pessoas, empresas, organizações ou dos próprios sócios. 

Ainda sem avaliar os impactos da crise da Covid-19 na saúde financeira dos negócios mapeados, a análise de faturamento acumulado revela uma curva de crescimento nos últimos três anos. Enquanto, em 2017, 48% deles não tinham faturamento, esse percentual caiu para 35% em 2019. Ao mesmo tempo, a quantidade de empreendimentos que faturaram até R$ 100 mil saltou de 25% para 37% no mesmo período. Em outro patamar, 6% faturam de R$ 100 mil a R$ 500 mil e 3%, mais de R$ 1 milhão.

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