Poucas instituições implementaram aspectos ESG no Brasil

19 de janeiro de 2022 às 0h20

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Crédito: Reprodução

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) buscou entender como as questões ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês) são vistas e tratadas pelo mercado. Para isso, entrevistou instituições financeiras sobre a relevância do assunto. Entre os resultados, a maioria enxerga o tema como relevante: aproximadamente 85% das casas classificam a importância do ESG com notas de 7 a 10 (sendo 10 a mais alta). Cerca de 44% deram notas 9 e 10 e 42% atribuíram notas 7 e 8. Apenas 3% das casas deram notas entre 0 e 4, indicando que veem pouca ou nenhuma importância nas questões ESG.

“A sustentabilidade não é um tema novo no mercado, no entanto, com a pandemia de Covid-19, ganhou tração por conta da mudança da percepção de risco dos investidores. Esse movimento é positivo e, sem dúvida, ajudará a alavancar essa pauta”, afirma o vice-presidente da Anbima e coordenador do Grupo Consultivo de Sustentabilidade da associação, Carlos Takahashi.

Entretanto, foi identificada uma assimetria entre a atribuição de importância para a sustentabilidade e a adoção de medidas práticas. Muitas instituições que respondem de forma positiva às perguntas sobre percepção e importância do tema ESG dizem estar em processo de implementação ou ainda não ter implementado ações concretas.

Enquanto 85% das gestoras de recursos e 90% dos bancos deram notas acima de 7 para a importância que veem na sustentabilidade, apenas 26% das gestoras e 43% dos bancos incluem esse tema em seus códigos de conduta. Apenas para 18% dos entrevistados a sustentabilidade é parte essencial do desenvolvimento da divulgação de produtos.

Zoom nas gestoras

Quando olhamos apenas para as gestoras de recursos, houve avanço na existência de política de investimento responsável: 80% das casas afirmam ter uma política de investimento responsável ou um documento que formalize seu tratamento ao tema – se não estiver pronta, ao menos em desenvolvimento. Na edição de 2018 do levantamento da Anbima eram 68%. Um terço (35%) está em processo de desenvolvimento de um documento incorporando questões ESG. Entre as gestoras que não têm política nem estão desenvolvendo uma, destacam-se as assets de menor porte, com até R$ 100 milhões em ativos sob gestão.

“O mercado caminha para uma evolução. Chama atenção o percentual de casas que estão trabalhando o assunto no momento ou que, ainda que não tenham nada concreto, planejam implementar políticas e processos ESG. Especificamente nas gestoras de recursos é possível ver um amadurecimento. Mais casas têm políticas de investimento responsável, aumentou o volume de ativos analisados pelas lentes ESG e também a quantidade de empresas que têm uma estrutura interna específica para tratar o assunto”, afirma Carlos Takahashi.

Com relação à análise dos ativos sob as lentes ESG, 49% das gestoras avaliam entre 100% e 50% dos papéis. Apesar de ainda tímido, esse percentual é superior ao registrado na pesquisa da Anbima em 2018, quando era 27%.

Sobre a estrutura das assets, houve avanço no mercado: enquanto em 2018 apenas 34% das gestoras declarou ter alguma estrutura para tratar de ESG, agora 71% afirmam ter alguma estrutura (exclusiva ou não) para tratar de sustentabilidade, mas com funcionários diretamente envolvidos ou treinados ou com comitê específico dedicado ao tema.

A pesquisa Retrato da Sustentabilidade no Mercado de Capitais foi realizada em duas fases. A primeira, qualitativa, liderada pela consultoria estratégica Na Rua, contou com 144 participantes para responderem exercícios sobre o tema e 41 para realização de entrevistas em profundidade. A segunda, quantitativa, contou com o apoio do Datafolha: foram 265 casas entrevistadas, sendo 209 gestoras de recursos. A margem de erro fica entre 6 e 7 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%.

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