Bons ventos para a indústria em 2020

16 de janeiro de 2020 às 0h00

Andreas Hoffrichter*

O sentimento em relação ao desempenho da economia brasileira em 2020 é de otimismo. Isso se deve ao fato de o governo ter feito parte da sua lição de casa e criado um ambiente econômico um pouco menos hostil para o ano que se inicia.

A nova gestão federal demonstrou ter a capacidade de negociar e articular com o Congresso a implantação de medidas tão urgentes e necessárias para tirar o País da recessão. A aprovação da reforma da Previdência, por exemplo, deve gerar uma economia de R$ 800 bilhões nos próximos 10 anos. Também houve o encaminhamento de três propostas de emenda à Constituição (PEC), que tratam do ajuste fiscal e da descentralização de recursos para estados e municípios.

As reformas tributária e administrativa, assim como o projeto para acelerar a privatização das empresas estatais, serão tratadas em breve. Vale lembrar que, em 2019, o governo já vendeu mais de R$ 100 bilhões de ativos e fez várias concessões para empresas privadas na área de infraestrutura, principalmente portos e aeroportos.

Faz muito tempo que não temos um cenário tão positivo com expectativas de estabilidade no longo prazo, a começar pela taxa Selic, hoje a mais baixa da história – 4,5% ao ano. Além da taxa básica de juros reduzida, a inflação novamente deve ficar abaixo da meta de 4,25%. Outro ponto é a dívida pública brasileira em relação ao PIB, que está em queda e deve atingir 77,3%, ao invés dos planejados 80,3% para 2019.

Diante desse cenário, investidores e consumidores estão mais otimistas. O índice de confiança do empresário publicado pela Fecomércio-PR em dezembro foi de 127,2 pontos. É o maior índice registrado desde dezembro de 2012, quando atingiu 121 pontos.

Em pesquisa realizada no fim de ano, a maioria dos mais de 200 associados da AHK confirmou essa percepção positiva, e muitos preveem a expansão de seus negócios e novos investimentos.

Inclusive, as possibilidades de negócios aumentam ainda mais em 2020 para as indústrias associadas à AHK Paraná. Em março, uma delegação de empresários alemães das áreas de energia renovável, meio ambiente, automação, mecânica e automotiva estará em Curitiba. O objetivo da comitiva será fazer negócios com parceiros brasileiros.

Decorridos 9 anos sem assinatura de um acordo econômico significativo e após inacreditáveis 20 anos de inércia, o Mercosul assinou em 28 de junho o tão esperado e propalado acordo comercial com a União Europeia. Foi um gol de placa marcado por Brasil e Argentina que finalmente decidiram jogar juntos e aproveitar o enorme potencial que esse acordo trará para ambos.

Baseado no diálogo político, na cooperação econômica e no livre-comércio, o acordo deverá ser ratificado pelos parlamentos nacionais dos países membros, bem como pelo Parlamento Europeu. Estima-se que entrará em vigor dentro de dois anos.

Em um clima de tensões e incertezas no comércio internacional, especialmente entre EUA e China, essa assinatura ressalta o compromisso dos dois blocos com a abertura econômica e o fortalecimento das condições de competitividade.

O acordo eleva a um novo patamar as relações econômicas e políticas entre o Brasil e a União Europeia e sinaliza que os tratados de livre-comércio passam a ser componentes essenciais da nova política comercial brasileira, tão necessária para tornar o Brasil um player importante e competitivo na economia mundial.

Avançamos em 2019, mas precisamos continuar neste caminho para combater a ineficiência estatal em todos os níveis, reduzir o inchaço da máquina pública e continuar a combater a corrupção que ainda assola o nosso País.

É necessário, ainda, facilitar o investimento privado nacional e estrangeiro na infraestrutura, reduzir a intervenção estatal, desburocratizar, desregulamentar e intensificar a privatização das empresas estatais, abrir o nosso mercado e garantir segurança jurídica aos investidores.

*Diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná) e Conselheiro de Administração certificado pelo IBGC

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