Coluna Skema

Educação e esperança pela paz mundial

19 de outubro de 2023

Começo hoje agradecendo ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, único jornal especializado em economia que completou ontem (18), 91 anos.

Sou grata porque posso me dirigir aos leitores experientes no mundo dos negócios, da política e da economia. Neste espaço, compartilho um pouco da minha experiência e das minhas análises sobre a evolução do ensino superior em uma sociedade em rápida evolução. Acredito que manter-se inovador à medida que se torna longevo também seja o desafio deste jornal.

Hoje, não consigo lidar com o assunto que havia predefinido sobre esses temas em um contexto de política internacional, guerras e terrorismo. Não consigo escrever como se nada estivesse acontecendo ao nosso redor. Por mais estranho que pareça, os relatos de meus pais sobre a Segunda Guerra Mundial voltam à minha memória.

Dói relembrar as cenas de êxodo pelas estradas, famílias cruzando o país em busca de alguém para acolhê-los no caminho. Enquanto sua casa era explodida por uma bomba, a invasão inimiga e sua derrota. Viver uma guerra é algo que não se apaga. Vivi isso indiretamente através dos meus pais, que conseguiram se casar nesse contexto.

Também me lembro do testemunho de historiadores que relataram o papel dos “justos”, aquelas pessoas que protegeram as crianças judias durante a ocupação. Enquanto outros colaboraram com a Gestapo, polícia secreta criada pelos nazistas para monitorar e perseguir quem estava contra o regime.

O genocídio, ato mais cruel e deliberadamente desumano, esse nunca devemos esquecer. Desejamos nunca mais cruzar com o extermínio. Em nossos caminhos. Pela humanidade. Sabemos que a história é mais complexa que nossa fé.

Por isso, defendo que o conhecimento, a análise histórica e geopolítica seja cuidadosa. Requer muita cautela e humildade intelectual compreender plenamente a origem do sofrimento dos povos envolvidos no conflito do Oriente Médio. E nosso pensamento é ocidentalizado demais para fazê-lo sem juízo de valor.

Por todo respeito que tenho, não usarei esse espaço para mais uma avaliação sobre a situação entre Israel e o povo palestino. Tomarei a liberdade de dividir com vocês minhas impressões frente ao desconhecimento acerca da geopolítica e cultura.

Estou impressionado com as informações truncadas sobre o massacre de 7 de setembro em Israel e com a capacidade de certos membros das redes sociais de transmiti-las sem análise crítica.

Não vamos nem falar dos vídeos de notícias falsas produzidos para serem compartilhados e se tornarem “virais”, como dizem, graças aos grupos compartilhados nas plataformas.

A situação é tão grave que é essencial ler os artigos, identificar as fontes, tentar entender as análises geopolíticas das várias correntes observando a história dos protagonistas e reservar um tempo para refletir sobre a situação que nos assombra desde o dia 7 de outubro, pensando nas vítimas civis feitas reféns de ambos os lados.

De modo geral, os carrascos não são cruéis apenas com seus inimigos, eles são muito mais permanentemente cruéis com o que se supõe ser seu próprio povo.

Aqui, como cidadã, reitora e economista, convoco um pensamento final sobre nosso papel de sociedade frente a tais eventos de violência que todos nós denunciamos em nome de nossos valores humanistas!

Vocês podem imaginar que, como educadora, estou sempre atenta à missão de preparar pessoas talentosas para desenvolver uma sociedade melhor. Eu acredito na educação como um dos caminhos para a paz mundial.

Educar é veículo para a paz, pois eleva as sociedades a modelos democráticos sem cair em uma esperança ingênua. Como disse Winston Churchill: “A democracia é um sistema ruim, mas é o menos ruim de todos os sistemas”.

A democracia não é inevitavelmente um modelo frouxo; ela impõe regras de respeito e tolerância entre os membros de uma sociedade, mas também impõe sanções firmes àqueles que não cumprem suas regras.

Quase todas as sociedades têm pontos fracos quando se trata de aplicar o contrato social, devido à falta de vontade política, à falta de recursos e à falta de habilidades.

Como a educação pode apoiar o modelo democrático? Preparando a população para receber conhecimento e desenvolver uma mente crítica, comprometida com um contrato social.

Nesse sentido, o sistema educacional também deve treinar os líderes para o entendimento do exercício político glocal e individual para que alguns deles possam representar mais assertivamente as demandas coletivas. Todos precisam conhecer a história do mundo, suas belezas e desavenças do mundo da forma menos etnocêntrica viável.

Assim, aqueles que aceitam a responsabilidade de representar o grupo nas frentes de poder serão capazes de servir à nação de seu país e, portanto, ao povo soberano que os levou ao poder. Isso começa na educação infantil. Adaptada às mudanças na sociedade, deve ser desenvolvida e reforçada com base nos temas da coesão de uma nação que aceita a diversidade.

Portanto, falar de paz é falar do mundo da educação, que deve cumprir seu papel em todas as idades e pode apoiar a evolução de uma sociedade que precisa de jovens que acreditem em si mesmos acima de tudo e pelo bem comum, em sua sociedade aberta para dar oportunidades a todos e nos compromissos responsáveis da liderança política que assume essas responsabilidades.

Sei que estamos distantes de um equilíbrio mundial. O globo tem suas tensões que sempre estarão presentes em termos de ambições pessoais e do peso da história. Esperemos que todos possamos apoiar, cada um ao seu nível, uma contribuição para a paz.

* Economista, presidente da Câmara de Comércio Internacional França Brasil/ Minas Gerais e reitora da Faculdade SKEMA Business School.

Conteúdos publicados no espaço Opinião não refletem necessariamente o pensamento e linha editorial do Jornal DIÁRIO DO COMÉRCIO, sendo de total responsabilidade dos/das autores/as as informações, juízos de valor e conceitos divulgados.
Icone whatsapp

O Diário do Comércio está no WhatsApp.
Clique aqui e receba os principais conteúdos!

Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail