EDITORIAL |A reação vai sendo adiada

1 de junho de 2019 às 0h02

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Crédito: Reprodução

Havia otimismo e esperança a partir das eleições do ano passado e conhecido os resultados. Esperava-se renovação, conduzindo às reformas que, postergadas, levaram o País a uma situação limite. Chegamos ao mês de maio com sentimentos diferentes. Preocupa a incapacidade do Executivo de promover a necessária articulação política, base para avanços que não podem mais ser adiados. Preocupa a revisão, sempre para menor, das projeções de indicadores econômicos, apontando que a recuperação foi modesta até agora e dificilmente mudará de patamar, pelo menos não com a velocidade esperada e prometida. Preocupa a repetição, na esfera política, de movimentos sugerindo que não existe sequer a exata dimensão dos problemas que estão por ser enfrentados.

O Brasil está regredindo e empobrecendo, fato que se percebe incontestável diante da mera observação dos números relativos ao comportamento da indústria. De acordo com os dados relativos ao exercício passado, a participação do setor na composição da renda nacional, o Produto Interno Bruto, foi de 11,3%, o pior resultado desde 1947 quando tais levantamentos tiveram início. Por consequência, a fatia da indústria, hoje, representa um terço do que era na década de 80, no século passado. Dados concretos demonstrando que a desindustrialização é também concreta, tendência que a pequena recuperação dos últimos dois anos não bastou para alterar ou sequer aliviar. Um movimento inverso, destinado a devolver à indústria brasileira participação equivalente à de 2011, demandaria expansão de 16,1%. E imediata.

Nos países desenvolvidos, e há mais tempo, a indústria perdeu espaços e importância, na mesma proporção em que cresceu o setor de serviços. Nesse caso, ainda que com reflexos indesejados na oferta de empregos, um movimento ascendente, possibilitado por setores mais dinâmicos da economia, e da redistribuição da cadeia produtiva, a rigor com o serviço bruto, sujo, transferido às economias periféricas, onde os custos são impositivamente mais baixos. Também por este lado o Brasil acabou perdendo e, pior, sem que se possa perceber qualquer movimento articulado buscando e trabalhando pela recuperação, enquanto no campo político se tenta vender a ilusão de que tudo se resolverá com a reforma do sistema previdenciário, que também não anda como seria desejável e necessário.

Para os empresários, aqueles que de fato fazem as rodas da economia girar e não o abstrato “mercado” que patrocina e se nutre na especulação, o otimismo e a esperança vão dando lugar à paralisia. Para o Brasil, para a legião de desempregados e empresários frustrados, este pode ser o pior dos mundos.

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