7 de Setembro, data comemorativa da independência, deveria ser, para os brasileiros, todos eles, um dia de comemorações e de reflexões sobre o que somos, o que desejamos ser e qual o melhor caminho para alcançar estes objetivos, aqueles que, em tese, impulsionaram a separação de Portugal, há exatos 199 anos.
Pode não ser exatamente como deveria. Persiste a polarização e o presidente Bolsonaro, enfraquecido a ponto de, nos seus próprios círculos, já exista quem admita que ele possa não chegar ao segundo turno das eleições do próximo ano, tenta reagir, buscando um novo sentido, político, partidário e personalista, para os festejos da próxima terça-feira, convocando partidários para manifestações de apoio, muito provavelmente sua última chance de demonstrar força sem fugir dos caminhos da normalidade.
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A julgar pela movimentação dos últimos dias, com a divulgação quase simultânea de manifestos que, sempre sem citá-lo diretamente, reafirmam e defendem princípios democráticos dos quais não admitem que o País se afaste, fica também evidente o desgaste presidencial, com a perda de apoios fundamentais.
Caso de sete entidades representantes do agronegócio, que condenam aventuras radicais, apontam os riscos de retrocesso e ruptura institucional, reclamando que as lideranças se mostrem à altura do País e de sua história. Pragmáticos, afirmam que precisam de estabilidade e segurança jurídica para trabalhar, o que o Estado democrático lhes assegura, enquanto aventuras radicais longe de resolver nossos problemas apenas os agravará.
Não é diferente, na essência, o II Manifesto dos Mineiros, gestado na Associação Comercial de Minas por inspiração do presidente José Anchieta da Silva, já assinado por cerca de duzentas personalidades locais. Ali está dito que o País necessita de uma verdadeira reforma do Estado, nela incluída a reforma político-eleitoral, administrativa e até constitucional.
Porque, aponta, “enquanto estivermos vivendo esse desencontro de ideias sentiremos uma incerteza que acaba afetando todos os setores econômicos. E tudo isso com harmonia e correção dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciario, que não devem e não podem contribuir para a instabilidade do Brasil.
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Embora depois de avançar na mesma direção, a Federação das Indústrias de São Paulo e outras duzentas entidades tenham recuado por conta de pressões políticas palacianas, ficam evidentes sentimentos e aspirações hoje comuns à maioria dos brasileiros. Que essas lideranças sejam fortes e determinadas o suficiente para conter as ameaças de retrocesso, que na prática só adiam os sonhos que a Independência encarnam.