EDITORIAL | Covid volta a ameaçar

25 de janeiro de 2022 às 0h30

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Pessoas se juntam para entrar em um trem em estação de metrô de São Paulo | Crédito: Amanda Perobelli / Reuters

Começou com temores, de que mais uma variável, a Ômicron, cujo surgimento poderia ser a repetição dos pesadelos dos últimos dois anos. Não, por certo, na velocidade que aconteceu, com a contaminação repetindo-se em proporções inéditas, porém com menos gravidade para os atingidos. Certo é que a situação, que parecia estar evoluindo positivamente, volta a preocupar, conforme indicam números relativos ao Brasil, recentemente divulgados. Os casos diários de Covid saltaram de 70,8 mil em julho de 2020 para 97,5 mil em março de 2021, 114.139 no mês de junho, 125.053 em setembro e 205.310 neste mês de janeiro.

Simplesmente assustador, embora as ações patrocinadas pelo Ministério da Saúde continuem sendo insuficientes, sugerindo uma indiferença difícil de explicar ou compreender. O número de fatalidades não cresceu nas mesmas proporções, felizmente, cabendo notar que os casos fatais foram quase todos restritos aos não vacinados. Isso absolutamente não significa dizer que o problema é menor do que parece. Os grandes hospitais, nas principais cidades, já estão operando próximos de seus limites, no vermelho, e a epidemia de gripe só fez aumentar a pressão, traduzidas em filas e longas esperas, sem nenhuma garantia de atendimento adequado. Alguns deles já fizeram saber a impossibilidade de oferecer tratamento adequado diante da demanda inesperada e, se não bastasse, das restrições – de pessoal, equipamentos e até insumos – que vêm sofrendo de longa data.

Falta o mínimo, até mesmo dados estatísticos seguros, essenciais para orientar políticas a serem seguidas, havendo suspeitas de que com o inaplicado apagão cibernético sofrido pelo Ministério da Saúde, pode estar havendo subnotificação em grande escala, um problema e um risco a mais. E nada disso é conversa de opositores irresponsáveis, preocupados exclusivamente em denegrir o governo e seus membros. É caso sério, já devidamente reportado pelos organismos adequados, inclusive externos, com concordância de luminares da ciência.

Negar, fingir que não vê, que não existem riscos, mas apenas muito exagero, parece ter perdido qualquer sentido. Pelo menos para quem vive ou sabe o que vem acontecendo em países mais adiantados, em que todas as luzes e todas as ações de alarme estão acionadas. O caso é sério mesmo e a quem duvida podemos contar que na terça-feira passada foram confirmados no Brasil 100.322 diagnósticos positivos para Covid, número que traduz aumento de 487% em apenas 14 dias. Com isso perdeu-se até mesmo a capacidade de realizar testes preventivos, que ajudem a nos tirar das trevas.

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