EDITORIAL | Educar para transformar
17 de abril de 2019 às 0h02
A qualidade do ensino no Brasil está num processo de deterioração que é bastante antigo e que retorna ao primeiro plano por conta de discussões provocadas pela atual administração federal, conforme ressaltou o presidente da República ao assinalar a passagem dos cem dias de sua posse.
Segundo Bolsonaro, que elege o ensino básico como centro de suas preocupações, as escolas devem ser funcionais, criando uma base sólida, a partir da alfabetização e da aritmética, para o aprendizado futuro, numa escalada para a qual, pelo menos idealmente, não se pode estabelecer limites. As escolas, às quais todos os brasileiros devem ter acesso garantido, segundo o presidente devem ensinar com neutralidade e objetividade, portanto, sem viés ideológico, muito menos com doutrinação.
Não se pode negar a razoabilidade desse entendimento. É preciso, no entanto, compreender que ensino não deve ser entendido apenas como a repetição mecânica, decorada, de informações que adiante, e dependendo da qualidade e da intensidade desse processo, abrirão – ou não – aos jovens estudantes as portas do ensino superior.
Esse modelo, ainda largamente difundido, necessariamente implica em baixa qualidade e muito provavelmente ajuda a explicar o que se passa presentemente no País, ou que as vagas se multiplicaram na mesma proporção em que a qualidade piorou.
Falta educação no seu sentido mais elementar e necessário à formação de cidadãos capazes de, de fato, colocarem sua terra e seu povo em primeiro plano, no caminho verdadeiro das grandes e urgentes transformações. Sem ideologias, muito menos cores partidárias, mas fazendo sim, como foi no passado, que os jovens se perfilem para cantar o hino nacional, numa reverência que é devida e necessária e da qual nenhuma ideologia, nenhum grupo político, pode se apropriar.
Nessa construção ou, na realidade, nessa reconstrução, está a chave para as grandes transformações que continuam por ser feitas, tendo a educação como pilar da qualidade, da inovação, da capacidade de competir, de criar riquezas, partilhando-as de tal forma que toda a sociedade seja beneficiada.
É o elemento faltante para o País dar sentido ao melhor aproveitamento de suas riquezas naturais, ao clima favorável, à extensão territorial e à unidade cultural que por si mesmas produzem valores cujo potencial, além de reconhecido, bastariam para responder a todos os desafios que possam ser colocados.
Eis é a primeira tarefa que nos obriga e nos compromete com o sentido autêntico de patriotismo, de valorização do indivíduo e, ao mesmo tempo, da coletividade, todos com o objetivo comum de construir uma sociedade melhor. A educação e somente a educação poderá produzir transformação nessa escala.
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