Paulo Guedes, economista formado pela UFMG e com títulos obtidos na Universidade de Chicago, fez carreira sólida no setor financeiro e em diversas oportunidades foi apontado como possível ocupante do então Ministério da Fazenda. Mas ganhou projeção pública durante a campanha do atual presidente, que o indicou para comandar a economia e foi apontado por Bolsonaro como seu “posto Ipiranga”, aquele que tinha todas as respostas. Com esse título e o reconhecimento de seu chefe de que ele próprio nada entendia de economia, Guedes foi visto e apontado como dono do superministério do novo governo, aquele que daria forma e conteúdo à gestão que se iniciava. Esse idílio não durou muito e, aos poucos, o ministro foi perdendo poder e influência, de um lado porque sua pauta liberal não foi endossada como ele imaginava e esperava, de outro porque cedo o presidente percebeu que as artimanhas políticas eram mais importantes, principalmente para alguém portador da ambição de um segundo mandato.
Fossem outras as condições, fosse outra a personalidade de Guedes e ele faz tempo teria renunciado à vaidade de permanecer ministro e, mais, ao risco de vir a ser apontado como o responsável pelo fiasco da política econômica, onde praticamente não existem acertos a festejar. Neste último ano da atual gestão, tudo leva a crer que as condições continuarão sendo bastante difíceis, com a economia estagnada e a inflação podendo se manter além dos dois dígitos, o que impede qualquer arrumação que venha acompanhada de credibilidade.
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A mais recente decisão do presidente da República ao transferir para a Casa Civil a execução orçamentária só esvazia o Ministério da Economia, não sendo exagerada a afirmação de que Guedes vai se transformando em figura decorativa. E impõe um risco desmensurado em ano que combina eleições com um orçamento que não tem como ser posto de pé, não com um buraco estimado em R$ 9 bilhões, isto depois de todos os malabarismos que já foram feitos. Nada contudo que ameace as emendas de relator, mais bem conhecidas como orçamento secreto, para as quais estão reservados R$ 16,5 bilhões, além de outros R$ 6 bilhões para financiar as campanhas dos partidos políticos.
Resumindo, o ano é político e não se fala de outra coisa, como se os males de que o País padece fossem ficção ou mentiras de uma oposição inconsequente. Só não se deve esperar que o economista Paulo Guedes volte a dizer que tudo vai muito bem.