EDITORIAL | Pode não ser utopia

21 de outubro de 2021 às 0h30

img
Crédito: REUTERS/Julia Rendleman

Dizem os historiadores, acertadamente, que não é possível entender o presente sem conhecer o passado. Sem recuar muito no tempo, para o que nos faltaria até espaço, é possível entender como e porque se deu a colonização das Américas, da África e de parte da Ásia, patrocinada pelas potências europeias. Muito resumidamente, a ocupação territorial visava assegurar atendimento a suas necessidades de matéria-prima, criar mercados e estabelecer marcos de ocupação que confirmavam o poderio ou as ambições dos colonizadores.

O tempo correu, mas os fundamentos do processo não se alteraram e continuam sendo praticamente os mesmos, embora realizados de maneira mais sutil. Desse fato, na atualidade, o melhor exemplo continua sendo o petróleo, sempre, diretamente ou não, o pano de fundo de conflitos bélicos e outras formas de ataque.

A guerra ideológica, deflagrada com a Revolução Russa de 1918, está nesse contexto, movida de início pelo pavor da nobreza europeia, que temia o mesmo destino de seus parentes russos. Como a história se repete, nada não muito diferente do que acontecera antes com a Revolução Francesa. No século passado a decadência do Império Britânico, tendo como marco a Segunda Guerra Mundial, ajudou a transformar os Estados Unidos em potência, tanto econômica como militar, numa guinada que aguçou ambições de um poderio planetário.

O fim da ocupação do Afeganistão, depois de 20 anos e a um custo direto de mais de um trilhão de dólares, pode estar indicando o início de um novo capítulo e disso dá sinais o próprio presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Para ele, e não sem uma incômoda dose de pretensão, “trata-se de pôr fim a uma era de grandes operações militares para refazer outras nações”. Deve-se imaginar, no mínimo, que ele não estava se referindo ao Iraque, cuja invasão aconteceu acompanhada de promessas de democracia, liberdade e prosperidade.

O colapso da antiga União Soviética, depois da queda do Muro de Berlim, foi apontado como o fim da Guerra Fria e início de um novo ciclo para a humanidade, em que inteligência, conhecimentos e recursos seriam usados para o bem. Ilusão que durou pouco e esperemos que não se repita agora com as declarações de Biden e o entendimento, para alguns, de que a pandemia ressaltou desigualdades que devem ser corrigidas em nome da própria segurança dos mais ricos, senão de valores mais altruísticos.

Poderíamos acrescentar, com entendimento realístico, que a Covid-19 talvez deixe um legado positivo, o entendimento de que pela colaboração é possível reduzir desigualdades, gerando mercados, oportunidades, prosperidade e mais negócios.

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail