EDITORIAL | Problema e solução

9 de outubro de 2021 às 0h30

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Crédito: Amanda Perobelli/Reuters

A legião de desempregados, agora pouco abaixo dos 14 milhões de indivíduos, o crescimento da informalidade e a geral redução de ganhos, da qual só escaparam o topo da elite e o funcionalismo público, onde não existem desempregados, apesar do tamanho do déficit que o Tesouro carrega, produziram o retrato mais perverso da crise que o Brasil enfrenta.

Falamos, faz pouco, da crescente parcela da população que passa fome, devemos também mencionar os sem-teto, que talvez representem a face mais visível da miséria crescente, que se repete em cada uma das grandes cidades brasileiras, Belo Horizonte não sendo exceção.

Este triste panorama, mesmo lembrando que quem se abriga debaixo da marquise de um prédio, quando encontra espaço disponível, não faz isso por desejo próprio, de uma forma ou de outra ele reflete a falta de opções, a pobreza muito além de limites que possam ser tolerados.

E com um outro problema, também a considerar, que é a degradação do espaço urbano, expondo as piores feridas da sociedade em que vivemos. São, em síntese, danos coletivos, para os quais tem chamado atenção entidades ligadas ao comércio, em especial a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL), pedindo atenção aos desabrigados mas mostrando igualmente os efeitos nocivos, indiretos, dessa população marginalizada para os lojistas.

Tudo isso nos recorda, obrigatoriamente, os planos de revitalização do hipercentro, repetidamente refeitos e reapresentados, porém sem que até agora, ainda mais com o aumento da população de rua, tenha produzido os efeitos desejáveis.

Eis uma questão, dentre tantas, que absolutamente não pode ficar de lado e não se trata de providenciar abrigos, que em parte até existem para estas pessoas e sim, mais amplamente, de reinseri-las no sistema educacional e, daí, no mercado de trabalho, para não dizer na própria sociedade.

Parece muito, mas na verdade não é, desde que exista melhor compreensão do problema e a necessária disposição para agir, inclusive replicando experiências bem-sucedidas em outras grandes cidades. Fingir que o problema não existe, ignorar os que pedem atenção e abrigo, é dever da sociedade, do poder público.

E tudo isso, vale repetir, está no mesmo contexto da revitalização do hipercentro, empreitada que bem pode começar dando destinação aos imóveis abandonados, destino natural, a partir de políticas sérias e bem construídas, para muitos dos que não têm teto e passo importante, igualmente, para a reocupação do hipercentro, etapa que antecede, ou provoca, a revitalização.

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