EDITORIAL | Socorro a Inhotim

5 de junho de 2019 às 0h02

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No dia 13, Museu realiza o seminário Inhotim Compliance Summit para debater as melhores práticas de governança corporativa e transparência - Foto: William Gomes

Inhotim, maior museu a céu aberto do Planeta e dedicado a obras de grande porte, é hoje uma referência internacional, possivelmente a mais conhecida do País na atualidade, acompanhada e aplaudida, se não reverenciada, por alguns dos maiores experts em arte contemporânea. Tão conhecida quanto o museu, hoje também, e deixado de fora talvez apenas o patrimônio barroco, uma das principais referências também de Minas Gerais, e com certeza seu principal polo de turismo internacional. São valores reconhecidos e aplaudidos também internamente, porém sem que até agora tal atitude tenha implicado, de fato, em ações de suporte à instituição, tarefa que deveria envolver, pelo menos, toda a comunidade mineira.

A história de Inhotim é bem conhecida. De um lado uma antiga fazenda, propriedade familiar incrustada no terreno de uma mineração, do mesmo grupo. O empreendimento não foi bem-sucedido e absolutamente não vem ao caso, no contexto desse comentário, avaliar o caso e seus desdobramentos jurídicos. Cabe apenas entender, objetivamente, que Inhotim se tornou muito maior e muito mais importante e deveria, tendo em vista inclusive os problemas que a cidade de Brumadinho enfrenta, ser o centro das atenções. Com o entendimento claro, indiscutível, de que está acima de quaisquer outras questões.

Tudo isso nos ocorre a propósito das demandas envolvendo, de um lado, o Estado e de outro a Itaminas, dona das terras que abriga o museu e, em parte pelo menos, de seu acervo. Seguido o processo ao pé da letra, isto quer dizer que este acervo, ou parte dele, pode ser tomado para que seja quitada uma dívida estimada, hoje, em mais de R$ 400 milhões. Objetivamente, o mesmo que condenar Inhotim e permitir que parte de seu riquíssimo acervo, resultado, em quase sua totalidade, da visão e do mecenato de Bernardo Paz de quem se pode dizer que, por sua obra, tornou-se credor e nunca devedor do Estado, independentemente dos erros que lhe sejam atribuídos num passado já distante. Para resumir, a questão não pode permanecer como está, como se tudo não passasse de mais um processo, entre os milhares que caducam nas prateleiras do Judiciário.

Se houver bom senso, se houver o mínimo entendimento do significado e da importância de Inhotim para Minas Gerais, para o Brasil e para o Planeta essa ação insana não pode ter prosseguimento e muito menos o desfecho já cogitado. Bem ao contrário, no que pesem as dificuldades em que se encontram as finanças públicas, o museu-parque de Brumadinho, que bem poderá ser a principal referência da recuperação de toda a região, precisa e merece ser suportado e defendido, em condições de se manter e fazer muito mais.

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