Empreender no Brasil

23 de junho de 2020 às 0h13

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Crédito: Divulgação

Denis Forte e Rodrigo Augusto Prando*

Momentos de crise, especialmente econômica, trazem à tona a figura do empreendedor e de sua capacidade criativa na formulação de ideias e na construção de negócios. A situação derivada da pandemia do coronavírus – no Brasil e no mundo – reclama uma reflexão acerca da importância do empreendedorismo.

Joseph Alois Schumpeter foi um dos economistas mais influentes do século XX. Nascido em 1904, é dele a concepção do protagonismo dos indivíduos que possuem negócio, os empresários, na dinâmica econômica.

Esse empreendedor é inovador em suas várias possibilidades. Novo produto, novo método de produção, novo mercado, novas fontes de matéria prima, novos modos de organização econômica. A percepção dos grandes ciclos econômicos, que tudo nasce, prospera e morre é passível de ser alterada por esse empreendedor pelo seu processo de destruição criativa. Onde todos veem o fim, ele enxerga o começo.

Pesquisas demonstram que o Brasil é, historicamente, um dos países mais empreendedores, contudo, numa distinção entre empreender por “oportunidade” ou por “necessidade”, no nosso caso cerca de 40% são por necessidade e não por oportunidade. Assim, é inegável a importância do empreendedor na realidade nacional e sua expressividade tem aumentado.

Segundo o IBGE, em 2017 as micro e pequenas empresas geravam 30% do PIB. Entre 2006 e 2019, geraram 13,5 milhões de empregos, enquanto as Médias e Grandes perderam 1,1 milhões de postos. Esse fato faz com que o empreendedorismo brasileiro tenha muita reprodução de ideias e pequenas inovações, do que grandes inovações. O desempregado que parte para um negócio próprio tem como principal preocupação a geração de renda para sobrevivência.

E, muitas vezes, sem capital ou formação para a nova atividade, elevando-se o risco do negócio. O empreendimento inovador precisa, em geral, de melhor formação, de maior capacidade econômica e de avantajada rede social. O empreendedor brasileiro criou, por exemplo, startups inovadoras e até unicórnios de valor de mercado bilionário. Mas, nesse momento, é o pequeno e médio empreendedor que têm agruras que o levam a pensar como sair da crise pós-pandemia.

Como, num momento de perdas econômicas, pagar os impostos, os empréstimos, os funcionários, os custos e, ainda, garantir seu sustento? Hora de cada um dos interessados ajudar na solução para manter vivo o empreendedor brasileiro, um eterno sobrevivente.

A realidade que ora vivenciamos é assaz complexa. E o equacionamento e a construção de um plano de ação deve levar em conta essa complexidade. A criatividade e solidariedade deverão prevalecer numa relação entre os níveis de governo, acadêmicos, empreendedores, grandes empresas e a sociedade civil.

Economia, Finanças, Sociologia, Antropologia e Ciência Política serão, todas, especialidades e conhecimentos que poderão, em parceria, dar contribuições aos empreendedores brasileiros que, por si só, já são vencedores num país que, muitas vezes, constrange ao invés de favorecer o empreendedorismo. O momento é de somar e não de dividir; de humildade; de comprometimento com a vida e com a retomada da atividade econômica no país.

*Professor de Finanças Comportamentais do Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie / Professor e Pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Graduado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia

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