Fraternidade e sororidade: a nova cara do feminismo do séc. XXI

6 de março de 2021 às 0h10

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Crédito: Divulgação

Neste Dia Internacional da Mulher quero convidar a uma reflexão sobre como esse dia e seu significado precisam ser contextualizados na realidade atual, para que as conquistas do passado – inegavelmente preciosas – não nos ceguem sobre as reais necessidades do presente e para o futuro.

A data foi estabelecida como sinal da luta das mulheres, no início do século 20, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, por igualdade de direitos econômicos e políticos. Os baixos salários, a discriminação de gênero e as jornadas de trabalho de até 15 horas eram alguns dos pontos questionados à época. Ora, hoje claramente já avançamos nestas demandas, em várias partes do mundo. A mulher evoluiu e com ela a sociedade na qual estamos inseridos. Hoje a mulher tem plena consciência dessa evolução – ciente de que ainda há exceções que precisam ser combatidas, principalmente em relação à violência, que na verdade traduz um inequívoco sentimento de posse e subjugação. 

Entretanto, especificamente na última década, vimos um salto na participação feminina em todas as esferas econômicas e políticas.

De fato, vivemos um segundo momento, onde a mulher mais que uma batalhadora já se vê como partícipe dessa mudança. Ela já internalizou sua importância social. Estamos superando a necessidade de autoafirmação feminina. O universo masculino está aceitando essas mudanças e mais importante, as mulheres já se comportam, vivem, com desenvoltura nata no tecido social. A sinergia e colaboração entre homens e mulheres nas corporações estão evoluindo, em alguns casos até se dá sem atropelos. Particularmente, não sinto resistência, pelo contrário, vejo parceria e valorização pelo mérito, não pelo gênero.

Algumas experiências mostram que instituições antes geridas por homens e hoje por mulheres ganharam mais movimento, mais energia. Os próprios homens sentem e aprovam esse enriquecimento.  Eles percebem resultados que não viam antes, resultados que, na verdade, nem eram almejados. Evidentemente, muitas mulheres ainda se sentem injustiçadas e algumas realmente o são. Mas claramente a tal sociedade patriarcal já não existe de forma contundente, principalmente no âmbito econômico.

A mulher que se qualifica abre seu espaço e com o apoio da família ela certamente terá sucesso. Aliás, hoje, o apoio da família é mais decisivo que qualquer ação feminista para as conquistas das mulheres. Mesmo a famigerada jornada tripla já não se caracteriza como exploração. Já passou a ser vista, isto sim, como uma característica inerente à mulher e da qual muitas não abrem mão: a parte intuitiva do ser feminino que faz com que ela tenha múltiplas funções.  A mulher não tem como focar só no trabalho, o instinto da mulher é cuidar, ordenar, seu pensamento é holístico, trabalhar sob pressão até impulsiona sua vontade de vencer os desafios.

É natural que a mulher consiga administrar casa, família e trabalho. E muitas não querem abrir mão disso! Mas óbvio, para que não seja penoso, o apoio da família é fundamental. As escolhas que levam ao sucesso profissional dependem muito desse apoio, porque ele irá determinar até onde a mulher estará disposta a abrir mão do seu ‘ser cuidador’ para seguir investindo na ascensão profissional.

O mercado para a mulher ainda é menor, sem dúvida, mas só até a percepção de que, por isso mesmo, sua dedicação tem que ser maior e esse desdobramento gera o ser melhor, gera energia que impulsiona. O desafio faz a mulher buscar por melhorias, não mais para desbravar, mas para inovar. Uma força motivadora que muitos homens não têm.

Ainda há muito espaço a ser conquistado, mas tem que ser de acordo com os sonhos de cada uma; e as mulheres sonham mais! E são mais intuitivas, mais cuidadosas, mais meticulosas, têm muita coragem, força e otimismo e por isso mesmo, mais estudiosas.

Especificamente no curso de Ciências Contábeis, há uma visível mudança no perfil dos novos profissionais. A profissão contábil não tem idade nem gênero. Recebe muito bem a diversidade e o empreendedorismo. Assim, vemos o aumento de mulheres em mais cargos de comando, resultado de um processo seletivo que agracia os mais empenhados e capacitados.

E os exemplos que nos inspiram não param de crescer. Recentemente, a brasileira, de Belo Horizonte, Ana Carolina Guimarães, radicada em Dublin, na Irlanda, foi a melhor colocada na última edição da prova de “Audit and Assurance”. Essa prova é aplicada em 160 países pela Association of Chartered Certified Accountants – ACCA — uma associação mundial dos contabilistas — cujo certificado é necessário para poder atuar na área em 140 países.

Por tudo isso, vejo que a palavra de ordem é a qualificação. Com maior autoestima, reconhecimento do próprio potencial e a certeza do que quer, ou pelo menos, do que não quer para sua vida, a mulher continuará galgando espaços e contribuindo para uma sociedade, acima de tudo, mais harmoniosa e equilibrada.

O feminismo moderno precisa sair do “lugar de mulher é onde ela quiser” para o “lugar de mulher e de homem é onde é bom para todos”. Devemos focar em dialogar, agregar, inovar e unir boas e construtivas ideias. A bandeira feminista original já não procede. Precisamos agora de uma nova bandeira, conjunta, que traga equilíbrio e não embate.

Hoje se fala muito de sororidade, que busca acabar com mito da rivalidade, que busca o apoio mútuo de mulheres, que valorizam o trabalho umas das outras, que compartilham conhecimentos. Ou seja, na verdade sororidade é uma versão feminina de fraternidade – palavra masculina que quer dizer “irmão. Pois bem que tenhamos fraternidade e sororidade, tudo junto e misturado!

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