Impacto da falta de eficiência energética no Brasil

16 de outubro de 2020 às 0h11

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Crédito: Reprodução

Rodrigo Pereira*

Menos é mais. Esse é o conceito básico de eficiência energética: dosar a quantidade de energia utilizada para determinada ação a fim de obter um resultado tão bom quanto outro que foi realizado com uma quantidade maior de energia. Mas será que o Brasil é um país preparado para considerar a eficiência energética no seu dia a dia?

Um estudo realizado pelo Instituto E+, centro que aborda temas relacionados à energia, aponta a falta de eficiência energética no País. Segundo a pesquisa, o investimento nacional não chega a 50% do investimento feito por países europeus e estima-se que para chegar ao mesmo nível da União Europeia, por exemplo, nosso País ainda precise de 20 anos de caminhada.

O fato é que o Brasil tem uma carência de investimentos no mercado local para a fabricação de produtos voltados à energia, não possibilitando ao consumidor e às empresas ter à sua disposição uma gama de produtos eficientes e com mais opções de escolha. Além disso, a pouca oferta de incentivos fiscais por parte do próprio governo brasileiro a fim de ajudar desde o fabricante ao consumidor final, torna a energia renovável inviável do ponto de vista financeiro.

Ainda de acordo com o relatório do Instituto E+, atualmente o consumo de energia no Brasil é distribuído nos seguintes segmentos: transportes (34,8%), industrial (33,8%), energético (11,2%), residencial (10,6%), comercial e público (5,2%) e agropecuário (4,4%). Observa-se que os setores de transportes e indústria são os que mais consomem energia, fator difícil de reverter por tratarem-se de áreas que demandam muito mais energia se comparadas às outras.

No entanto, é possível diminuir esse consumo, principalmente por meio de campanhas, sejam de iniciativa pública ou privada, que divulguem os benefícios do investimento em energia renovável. Por meio do fortalecimento do conhecimento na gestão da energia de cada um dos segmentos, deixando claro onde está o desperdício e onde se pode economizar sem perder a produtividade, existe grande chance de trazer uma eficiência energética para as grandes empresas de transporte e do setor industrial do País.

Segundo a Abesco – Associação Brasileira das Empresas Brasileiras de Conservação de Energia, em um período de três anos (2014-2016) o desperdício de energia no Brasil custou R$ 61,7 bilhões para o País. Este dado deixa clara a necessidade de ações voltadas ao mercado de eficiência energética para auxiliar na redução desses gastos nas empresas e, consequentemente, na economia nacional. Apesar da necessidade de investimentos em eficiência energética para minimizar o desperdício de energia, ainda estamos defasados neste sentido. Conhecimento e informação sobre esta questão são fundamentais para as boas práticas de eficiência energética não apenas nas empresas, mas em todos os lugares.

Com um consumo energético mais eficiente o mercado local torna-se mais competitivo, as empresas reduzem os custos relacionados à energia, mantendo ou até melhorando sua produtividade e, como resultado, a população em geral é beneficiada com a redução do preço dos produtos e serviços. Não é segredo que todo setor que possui gastos elevados com energia são os mais impactados economicamente. Portanto, são estes também os que mais devem se preocupar com a eficiência energética e como aplicá-la em seu ambiente. Apenas dessa maneira será possível aumentar o investimento em energia renovável no Brasil para fomentar a competitividade internacional e aumentar a demanda local.

É importante ter consciência que o desperdício de energia está ligado a diversos fatores, como um compressor de ar comprimido que teve um consumo maior de energia nos últimos meses devido a vazamentos de ar na tubulação e que aumentaram seu período de funcionamento, por exemplo. Portanto, todo projeto de eficiência energética começa com um estudo da qualidade da energia utilizada, e para isso, existem equipamentos e tecnologias capazes de realizar uma medição para identificar os gargalos e então aplicar as correções necessárias.

Apesar de tantos desafios e de ainda estarmos muito atrás no que diz respeito aos investimentos em energia, a perspectiva é de crescimento para o mercado brasileiro, uma vez que a questão energética tem estado mais em pauta justamente pela vantagem comercial e produtiva. Além disso, as empresas a cada dia estão investindo mais em sustentabilidade, o que inclui o uso de energias renováveis, buscando economia e minimizando os impactos ambientais.

Atualmente já existem modelos variados de instrumentos para a medição de qualidade de energia. As empresas brasileiras estão atentas aos novos desafios do mercado e, por isso, tem desenvolvido equipamentos cada vez mais sofisticados para realizar medições complexas de forma rápida, precisa e segura. Além de equipamentos a cada dia são disponibilizados também conjuntos de acessórios e softwares para auxiliar no trabalho com os próprios equipamentos, facilitando assim o uso dos produtos em qualquer situação de medição de qualidade de energia.

Somente entendendo a origem do desperdício de energia é possível tomar decisões inteligentes sobre maneiras eficientes de reduzir o consumo e, consequentemente, os custos. No fim das contas, a melhor maneira de utilizar a energia de maneira eficaz, com base no conceito “menos é mais”, e projetando um crescimento de mercado no país, é por meio da conscientização, investindo no conhecimento e na divulgação dos benefícios da aplicação da energia renovável.

*Gerente de Contas da Fluke do Brasil rodrigo.pereira@fluke.com

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