O ponto G do ESG

17 de setembro de 2021 às 0h26

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Crédito: Divulgação

Se você nunca ouvir falar em ESG (do acrônimo inglês para ambiental, social e governança), é possível que não esteja sintonizado com a agenda corporativa do momento. Mas cuidado: ESG não é um mantra, e se não cuidarmos, será como outras modas que costumam aparecer, de tempos em tempos, no dialeto empresarial. Das três frentes que a sigla representa, tenho a percepção que muita importância se tem dado à responsabilidade ambiental. Mas é outra letra que sustenta as demais ações. Falo aqui sobre governança: o ponto G do ESG.

O conceito nacional clássico de governança, que vem do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), estabelece-o como sendo o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas. E sua concepção perpassa quatro pilares fundamentais que se desdobram em ações práticas: transparência, equidade, prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa.

Governança, portanto, também não é um conceito abstrato, genérico, vazio, nem se traduz em um mote etéreo. Seu significado traz reflexões práticas profundas e imensamente atuais às organizações de todo o mundo, sobretudo em duas grandes frentes que apresento a seguir.

A primeira delas é a mudança de mentalidade corporativa que amplia as fronteiras da responsabilidade corporativa para além das quatro paredes das organizações. Se antes, mirava-se apenas a excelência operacional – como na busca por qualidade nos processos, minimização de custos e maximização de receitas – a governança aumenta o foco da visão corporativa. Outrora, buscava-se atingir as expectativas dos acionistas (shareholders); hoje, foca-se atentamente nas necessidades das diversas partes interessadas (stakeholders).

E quem são algumas das principais partes interessadas de qualquer organização? Duas em especial chamam especial atenção: a comunidade envolvida e o meio ambiente. Daí porque é tão importante falar em ESG. As responsabilidades sociais e ambientais não são mera liberalidade ingênua, fingida ou irresponsável das organizações que visam apenas marketing. Sua razão de existir passa pela compreensão holística de que vivemos conectados em redes e que somos a transformação que queremos ver no mundo. Não cabe mais aquela velha ideia de empresas que só pensam em si e no seu lucro – egoísta e vazio.

A verdade é que, sem traduzir esse papel holístico do ESG em ações práticas, as organizações estão fadadas ao fracasso, por três motivos que anunciei há dois anos num TEDx: a) o mercado afasta aqueles em que não confia (peso reputacional da não adesão ao ESG); b) as novas gerações Y e Z (praticamente 50% da população economicamente ativa de hoje no Brasil) são consumidores altamente conscientes; e c) as mesmas gerações Y e Z definitivamente são mão de obra engajada e buscam trabalhar por propósito, não apenas por dinheiro.

Pois é exatamente essa responsabilidade com o macro – esse olhar não apenas para dentro, mas para fora – que transforma negócios, indústrias e prestadores de serviço em organizações com a mentalidade de lucro com propósito. E essa mentalidade abarca a segunda grande lição da governança: a visão estratégica de longo prazo.

Em tempos de tamanha dinâmica, sobreviverão aquelas organizações que se adaptarem à nova realidade ESG, sem olhar para trás. Quanto às demais, minguarão até tornarem-se peças de museu de um passado onde havia empresas que só pensavam no lucro.

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