Os novos presidentes da Câmara e do Senado e o Governo Bolsonaro

3 de fevereiro de 2021 às 0h10

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#Opinião | Imagem: Pexels/ Adaptação: Will Araújo

Na segunda-feira,  1º de fevereiro, a sociedade brasileira conheceu os dois novos presidentes das Casas Legislativas: Rodrigo Pacheco (DEM) e Arthur Lira (PP), do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, respectivamente. Os vitoriosos são, sabidamente, alinhados e foram apoiados pelo Governo Bolsonaro.

O senador Rodrigo Pacheco teve, para consolidar sua vitória, uma arca de alianças de Bolsonaro ao PT e, entre seus pares, é entendido como possuidor de um perfil conciliador. No Senado, já com Davi Alcolumbre, o Planalto não teve grandes problemas. O ponto fulcral seria ter um aliado presidindo a Câmara. Lira venceu Baleia Rossi, o candidato de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara.

Maia foi um enorme incômodo para Bolsonaro e para os bolsonaristas e, por muitas vezes, subiu o tom e atacou o presidente, bem como foi, pelos bolsonaristas, atacado nas ruas e nas redes sociais. Além disso, Maia tinha à disposição dezenas de pedidos de processo de impeachment e não os pautou por saber que não havia chances objetivas de êxito nesta configuração política.

Recordemos que, na campanha e já durante o mandato, bolsonaristas dividiram a política em “nova” e “velha”; os novos, obviamente, seriam os bolsonaristas repletos de virtudes; a velha política, por sua vez, seria o fisiologismo, o toma lá dá cá e, no limite, a corrupção. A fina nata da “velha política” seria simbolizada pelo Centrão (Progressistas, PL, PTB, PSD, Solidariedade, Republicanos, entre outros partidos).

O Centrão, inclusive, foi atacado pelo General Heleno, que, rindo, cantarolou: “Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”, parodiando o samba “Festa Bacana”, trocando ladrão por Centrão. Esse mesmo grupo, hoje, está de braços dados com Bolsonaro, sorrindo e soltando fogos de artifício para comemorar a vitória.

Segundo noticiado pela mídia, o governo usou cerca de 3 bilhões de reais para que deputados e senadores votassem em Lira e Pacheco. Negociar recursos para parlamentares, bem como cargos e até reforma ministerial sempre foi prática no Brasil, todavia, o discurso bolsonarista, mais uma vez, manda às favas a lógica e a coerência, já que a “nova política” nada mais é do que a velha e tão atacada prática do toma lá dá cá e do fisiologismo antirrepublicano.

A atração magnética que os parlamentares demonstraram por verbas e cargos fez com que até partidos e atores políticos do DEM e do PSDB abandonassem a candidatura de Rossi para votar em Lira. Não há, neste caso, projeto de governo, projeto de país, valores republicanos, democráticos e de harmonia entre os poderes que supere o montante de recursos que o governo disponibilizou para estas eleições no Congresso Nacional.

Foram dois anos que Bolsonaro e os bolsonaristas atacaram a mídia, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, afirmando que estes não deixavam o Executivo governar. Doravante, esta desculpa acabou. O governo tem, por enquanto, um cenário mais favorável. Por enquanto? Sim! Não podemos esquecer que o Centrão não apresenta fidelidade a valores ou projetos nacionais, e sim aos interesses mais imediatos e, às vezes, mesquinhos na vida política. Por isso, caso a aprovação do governo caia demasiadamente e as ruas sejam tomadas de protestos, o Centrão abandona o barco ao primeiro sinal de água entrando.

Bolsonaro colheu derrotas nas eleições municipais e no tema da vacina que teve seu negacionismo punido pela perspicácia política do governador de São Paulo João Doria que entregou a Coronavac. Vejamos como Bolsonaro se comportará com a vitória de segunda-feira.

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